O Ministério Público (MP) abriu inquérito para investigar o deputado estadual Ruy Irigaray (PSL), após reportagem do Fantástico mostrar denúncias de que o parlamentar teria utilizado servidores comissionados, pagos com dinheiro público, para fins pessoais, como reformar a casa da sogra. Conforme o MP, a investigação tem objetivo de apurar se Irigaray cometeu ato de improbidade administrativa com enriquecimento ilícito.
A apuração, iniciada nesta segunda-feira (22), está a cargo do promotor de Defesa do Patrimônio Público de Porto Alegre, Cláudio Ari Pinheiro de Mello. Conforme o MP, a investigação também tem objetivo de apurar se Irigaray pegou parte dos salários dos seus ex-funcionários de gabinete, prática conhecida como rachadinha.
Nesta terça-feira (23), a Mesa Diretora da Assembleia Legislativa reuniu as quatro denúncias apresentadas à Casa contra Irigaray e encaminhou o material à Comissão de Ética.
– A Mesa Diretora encaminhou as denúncias à Comissão de Ética, e fica à disposição para qualquer tipo de apoio. Colocamos a estrutura da Casa à disposição da comissão – apontou Gabriel Souza, presidente da Assembleia Legislativa.
Na tarde desta terça-feira, a composição da Comissão de Ética em 2021 será oficializada pela Assembleia, com a votação em plenário da lista dos deputados indicados. A presidência da Comissão ficará com o deputado Fernando Marroni (PT). O cargo de corregedor, a quem cabe investigar as denúncias, deve ficar com um parlamentar do MDB ou do PP.
Entenda o caso de Irigaray
Reportagem do jornalista Giovani Grizotti, da RBS TV, mostrou que Cristina Nebas, ex-assessora de Irigaray, acusa o parlamentar de utilizar os funcionários comissionados do gabinete na Assembleia Legislativa para atividades privadas. A suspeita foi endossada por outra ex-assessora do parlamentar.
Além dos depoimentos das ex-assessoras, vídeos, fotos e mensagens de WhatsApp apresentadas na reportagem indicam que o deputado também teria utilizado assessores do gabinete para as atividades de babá e empregada doméstica. A ex-assessora de Irigaray relata, ainda, a suposta existência de um sistema organizado de produção de fake news no escritório do parlamentar, com uso de contas falsas em redes sociais.
Contraponto
Irigaray afirma que não houve irregularidades e diz que os seus assessores efetivamente trabalharam na reforma da casa de sua sogra, mas não durante o horário de expediente.
– Quando eles estavam contratados como assessores, eles executaram alguns serviços ao final de semana e durante a noite. Vamos buscar reparação judicial quanto a essas acusações falsas – disse o deputado, à reportagem do Fantástico.
Irigaray ainda nega as acusações de que determinou que sua ex-assessora realizasse, com dinheiro público, trabalhos domésticos para a família dele.
– Ela (a ex-assessora) se prontificou para fazer esse tipo de atividade. E, outra coisa, ela recebeu por isso, tá? Inclusive, se não me engano, ela ganhava R$ 100 cada vez que pegava e levava as meninas, quando a minha esposa fez uma cirurgia – acrescentou o deputado, também à reportagem da RBS TV.