Um dia após avalizar o movimento que busca lançá-lo como alternativa do PSDB à Presidência da República, o governador Eduardo Leite falou nesta sexta-feira (12), em entrevista ao Gaúcha Atualidade, da Rádio Gaúcha, sobre os cenários para 2022 e a disputa interna no partido visando à sucessão de Jair Bolsonaro.
Leite afirmou que uma eventual candidatura ao Planalto e, consequentemente, uma renúncia ao cargo de governador serão "tratados com a população gaúcha". Segundo ele, contudo, é necessário primeiro discutir o projeto, não as pessoas à frente dele.
— Fui convidado para liderar a discussão desse projeto, isso não significa uma candidatura. (...) Minha disposição é de ajudar, de construir, e dar a minha colaboração — disse.
Na quinta (11), Leite participou de almoço, no Palácio Piratini, com 21 políticos tucanos. O movimento é um contraponto às pretensões do governador de São Paulo, João Doria, que cogitou assumir a presidência do PSDB e, ao controlar as verbas eleitorais, minar as resistências à pré-candidatura do paulista ao Planalto.
Apesar das articulações nacionais, Leite afirmou que tem um "contrato" com a população gaúcha e que "todo o foco é fazer o Rio Grande do Sul superar a crise". Segundo o governador, a mobilização do PSDB não vai prejudicar suas atividades no Piratini.
— Isso estou assegurando. Meu contrato, minha procuração com a população gaúcha é a minha prioridade — afirmou.
Leite também falou sobre Doria, com quem disse ter uma "boa relação". Segundo o gaúcho, não há "nenhum problema" que o governador paulista seja o candidato tucano à Presidência em 2022.
— Que seja ele, que seja eu, que seja quem for. Mas que seja em torno de um projeto.
Ouça a entrevista completa:
Foco na reforma tributária
Ainda ao Gaúcha Atualidade, o governador afirmou que o Piratini vai se debruçar sobre a proposta de reforma tributária do Estado nos próximos meses, independentemente da reforma do governo federal. O projeto original, protocolado há sete meses na Assembleia, não avançou.
— Não dá, simplesmente, para ficar aguardando o governo federal, até porque se discute apenas a reforma em tributos federais (...) O Estado precisa de solução para já — avaliou.
Sobre a intenção do Planalto de intervir no ICMS — de responsabilidade dos Estados — que incide sobre combustíveis, Leite criticou o fato de os governadores não terem sido chamados para discutir o tema.
Bolsonaro avalia um projeto para estabelecer um valor fixo do imposto sobre combustíveis ou a incidência sobre o preço nas refinarias (e não nas bombas). Para o governador, não há como "abrir mão dessa arrecadação sem prejudicar serviços prestados à população":
— Obviamente é um movimento político, diversionista, provavelmente para tirar atenção de outros problemas e criar um conflito numa área que depende de uma reforma mais ampla. Nunca o governo federal chamou os governadores para discutir o tema.