Em entrevista ao Timeline desta terça-feira (22), na Rádio Gaúcha, a ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, afirmou não ter interferido para impedir o aborto da menina de 10 anos, que engravidou após ser estuprada por um tio, no Espírito Santo. Ainda que Damares tenha negado participação no caso, ela salientou ter sido "a favor de salvar as duas vidas".
Conforme publicação do jornal Folha de S.Paulo, na segunda-feira (21), uma operação orquestrada pela ministra teria o objetivo de levar a criança da cidade de São Mateus, onde vivia, para um hospital em Jacareí, no interior de São Paulo. No local, a menina aguardaria a evolução da gestação e teria o bebê.
Damares afirmou que recebeu um pedido do deputado Delegado Lorenzo Pazolini, solicitando que a equipe do Ministério fosse à cidade da menina, pois, de acordo com ele, há outros casos de estupro na região.
— Eu não conversei com ninguém e não me envolvi. Tudo o que eu sei é pelo o que estou lendo. (...) Minha equipe não foi (até a cidade da menina) discutir aborto. Foi discutir a proteção de todas as meninas da região, pois existem outros estupros na cidade — explicou.
Antecipação do parto
De acordo com a ministra, havia possibilidade de a menina ficar internada e fazer antecipação de parto, como cesárea. Ela afirmou que a menina pariu o bebê, mas morto.
— Ela pariu o bebê. Pariu o bebê morto. Era isso que queríamos evitar, o sofrimento de ela passar por esse parto natural. Quando penso nisso, falo: meu Deus, não poderiam ter esperado mais dois dias? (...) Eu sou a favor de salvar as duas vidas — disse.
Divulgação dos dados da menina
Damares também afirmou que solicitou investigação para descobrir quem foi o responsável por divulgar os dados da menina de 10 anos. De acordo com ela, as informações já estavam circulando em grupos de WhatsApp antes de Sara Winter divulgar por meio de vídeo no YouTube.
— Eu pedi investigação pra descobrir quem vazou o nome dela. A Sara Winter trabalhou durante três meses no Ministério, e saiu em outubro de 2019. Pelo o que ela disse, o nome já estava rolando em vários grupos. Não foi ela quem vazou, mas ela não podia ter feito o vídeo com o nome.