BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - A defesa do jornalista e blogueiro bolsonarista Oswaldo Eustáquio Filho, preso na semana passada em Mato Grosso do Sul no âmbito das investigações sobre atos antidemocráticos, afirmou que ainda não teve acesso ao inquérito.
Paulo Goyaz, um dos advogados de Eustáquio Filho, disse à reportagem que a defesa aguarda a apreciação de dois recursos que buscam não só a libertação do jornalista da prisão, mas também o acesso aos autos do inquérito. "Importante destacar que até agora a defesa do jornalista não teve qualquer acesso aos autos", afirmou Goyaz.
O ministro Alexandre de Moraes, relator no STF (Supremo Tribunal Federal) do inquérito dos atos antidemocráticos, determinou nesta terça-feira (30) a prorrogação por cinco dias da prisão temporária do jornalista.
Eustáquio Filho seria transferido de Campo Grande para Brasília, em avião da Polícia Federal, e prestaria depoimento nesta terça. O jornalista é ligado à ativista Sara Winter e a outros líderes do grupo de extrema direita 300 do Brasil.
A prorrogação atendeu a um pedido da PF, e a PGR (Procuradoria-Geral da República) concordou integralmente com a necessidade de mantê-lo preso.
Chamou a atenção dos investigadores o fato de o jornalista ter saído às pressas da casa em que estava em Brasília (no Lago Norte, um bairro nobre da capital), seguido para Ponta Porã (MS) e, depois, para Campo Grande, região que faz fronteira seca com o Paraguai.
No pedido de prorrogação da prisão, segundo um trecho transcrito do despacho de Alexandre de Moraes, a PGR apontou que "a falta de residência fixa do representado [Eustáquio Filho] também pode comprometer as investigações, especialmente se houver necessidade de ouvi-lo outra vez em um futuro próximo".
As autoridades encarregadas do inquérito identificaram que nos vídeos gravados para as redes sociais, Eustáquio Filho fazia uso de expressões indicando que ele continuava em Brasília, quando, na verdade, estava em um quarto de hotel em Ponta Porã.
"Circunstância que, por si só, indica sua propensão em eludir a aplicação da lei pena", afirmou a Procuradoria, segundo a decisão do STF.
Alexandre de Moraes afirmou que a medida é "imprescindível para que a autoridade policial avance na análise do material apreendido e na elucidação das infrações penais atribuídas à associação criminosa em toda a sua extensão; bem como analise se há nas informações contidas nos bens e documentos recolhidos elementos que possam ensejar a realização de novas atividades investigativas".