O ex-procurador-geral da República, Rodrigo Janot, falou hoje em entrevista à Rádio Gaúcha sobre as declarações do ex-ministro Sergio Moro durante a coletiva em que sua demissão foi anunciada.
Janot disse estar perplexo com a gravidade das situações relatas pelo agora ex-Ministro da Justiça em relação a Jair Bolsonaro, mas que ainda é cedo para a imputação de crimes. Ele defendeu que as declarações sejam investigadas e disse que a situação merece atenção.
— O que houve foi uma declaração de um ministro, ele faz algumas revelações de muita perplexidade. Pra falar de imputação de crime precisa aprofundar um pouco mais as afirmações.
Janot defendeu a atuação do Ministério Público (MP) e afirmou que a instituição tem o dever de defender o regime democrático.
— Se houver um interesse político em um desmonte institucional, isso não é saudável pra democracia e para a República — cravou.
Sobre a crise política em curso no país, Janot afirmou se tratar de uma "pandemia institucional" e que as declarações de Moro evidenciam um interesse em atingir todos os órgãos de controle do país. Ele afirmou que a PGR deve ter uma atuação firme e direcionada a resolver todos esses fatos.
— A constituição não permite a investigação do presidente por atos fora do mandato, mas nesse caso, caberia investigação — defendeu.
O ex-procurador geral da república afirmou que a crise iniciou quando o COAF foi retirado do Ministério da Justiça.
— O que eu entendi é que a Polícia Federal seria o primeiro órgão impactado, mas que outros órgãos também seriam . O início dessa pandemia (institucional) começou no COAF, quando foi retirado do Ministério da Justiça, pois são os órgãos de controle que estão na mira do desmonte.
Janot finalizou dizendo que as denúncias de Moro têm todo o crédito e devem ser levadas a sério.
— Ele tem todo crédito, é um cidadão sério e de bem.