O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), qualificou como equivocado o pronunciamento de Jair Bolsonaro sobre a crise do coronavírus no país. No discurso, anunciado na terça-feira (24) à noite, o presidente minimiza a crise provocada pelo vírus e ataca o fechamento de escolas, os governadores e a imprensa.
Em uma rede social, Maia disse que, desde o início da pandemia, vem pedindo "sensatez, equilíbrio e união".
"O pronunciamento do presidente foi equivocado ao atacar a imprensa, os governadores e especialistas em saúde pública. Cabe aos brasileiros seguir as normas determinadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pelo Ministério da Saúde em respeito aos idosos e a todos que estão em grupo de risco", criticou.
A atuação do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, tem destoado do discurso de Bolsonaro ao longo da crise do coronavírus, sendo elogiada inclusive por governadores atacados pelo presidente. Maia afirmou que "o Congresso está atento e votará medidas importantes para conter a pandemia e ajudar os empresários e trabalhadores. Precisamos de paz para vencer este desafio".
O deputado também parabenizou o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), pelo pronunciamento que havia feito pouco antes. Em nota, Alcolumbre afirmou que o Brasil precisava de uma liderança séria, responsável e comprometida com a vida e a saúde da população.
No domingo (22), em entrevista à CNN Brasil, Bolsonaro afirmou que Mandetta havia exagerado e usado palavras inadequadas. Ele se referia à declaração de que, em abril, o sistema de saúde entrará em colapso. Nos bastidores, Bolsonaro cobrou do médico um discurso mais afinado ao do Palácio do Planalto no combate à pandemia do coronavírus.
O presidente se irritou, de acordo com auxiliares próximos, com o fato de Mandetta não tê-lo defendido, em entrevistas à imprensa, por ter participado de manifestação a favor do governo em Brasília em meio à crise do coronavírus. A recomendação da pasta era evitar aglomerações.
As declarações de Bolsonaro no pronunciamento de terça (24) geraram perplexidade e irritação entre os parlamentares. Governadores também criticaram o pronunciamento e afirmaram que Mandetta perdeu legitimidade no governo.
Em cadeia nacional de rádio e TV, Bolsonaro criticou o fechamento de escolas e comércio para combater a epidemia, atacou governadores e culpou a imprensa pelo que considera clima de histeria instalado no país. O presidente afirmou que desde o início da crise o governo se preocupou em conter o "pânico e a histeria" e voltou a minimizar a gravidade da covid-19 ao compará-la a uma "gripezinha" ou "resfriadinho".
Em seu pronunciamento, Bolsonaro disse que "grande parte dos meios de comunicação foram na contramão" do governo e "espalharam a sensação de pavor, tendo como carro-chefe o grande número de vítimas na Itália". Bolsonaro argumentou que o país europeu tem características distintas das do Brasil, e que o cenário foi "potencializado pela mídia para que histeria se espalhasse".
O presidente disse também que "nossa vida tem que continuar" e os empregos precisam "ser mantidos". "O sustento das famílias deve ser preservado. Devemos, sim, voltar à normalidade", afirmou.