O presidente Jair Bolsonaro voltou a minimizar nesta quinta-feira (26) a pandemia do coronavírus e afirmou que o contágio no Brasil não será como nos Estados Unidos porque não acontece nada com o brasileiro.
Na entrada do Palácio da Alvorada, onde concedeu uma entrevista à imprensa, o presidente defendeu que o brasileiro seja estudado porque, segundo ele, mergulha no esgoto e não pega nenhuma doença. De acordo com Bolsonaro, muita gente no país já foi contaminada pelo coronavírus e desenvolveu anticorpos.
— Eu acho que não vai chegar a esse ponto (dos Estados Unidos). Até porque o brasileiro tem que ser estudado. Ele não pega nada. Você vê o cara pulando em esgoto ali. Ele sai, mergulha e não acontece nada com ele — disse.
Até o momento, 2.915 pessoas foram diagnosticadas com o coronavírus no Brasil e 77 morreram. Nos Estados Unidos, são 1.173 mortes.
— Eu acho até que muita gente já foi infectada no Brasil há poucas semanas ou meses. E eles já têm anticorpos que ajuda a não proliferar isso daí. Estou esperançoso que isso seja realmente uma realidade — disse o presidente.
Bolsonaro minimizou em diversas ocasiões os impactos da covid-19 e criticou medidas de restrição de movimento que têm sido adotadas por governadores.
Ele já se referiu à enfermidade como "gripezinha" e argumentou que ações como o fechamento de comércios e divisas entre os estados causam prejuízos econômicos para o país.
O presidente redobrou a aposta nesta quarta-feira (25), criticou medidas de isolamento social e ganhou a oposição aberta de antigos aliados — como do governador goiano, Ronaldo Caiado (DEM) — e críticas generalizadas no Congresso, além de ter seus pedidos ignorados pelos chefes de Executivo dos estados.
Na terça-feira (24) à noite, Bolsonaro havia feito um polêmico pronunciamento em rede nacional no qual chamou a covid-19 de "gripezinha". Também criticou medidas de isolamento social, como fechamento de escolas e de comércio, a principal recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) para tentar conter a propagação do vírus.
A fala de Bolsonaro foi repudiada por políticos e autoridades sanitárias, porque vão contra os principais exemplos disponíveis no combate à doença no mundo.
Na manhã desta quarta, em entrevista, ele voltou a criticar governadores pela restrição de movimentação de pessoas e defendeu que haja isolamento apenas para aqueles do chamado grupo de risco, como idosos e portadores de comorbidades.