O jornalista brasileiro Lourenço Veras foi assassinado com 12 tiros na noite desta quarta-feira (12), dentro de casa, em Pedro Juan Caballero, no Paraguai, cidade onde trabalha. Conhecido como Leo Veras, ele era dono de site de notícias na região de fronteira com o Brasil.
O profissional de imprensa foi morto por volta das 22h, quando jantava com o sogro, a mulher e o filho. Segundo o promotor Marcos Amarilla, do Ministério Público do Departamento de Amambay, região que engloba Pedro Juan Caballero, o crime foi executado por dois homens armados e encapuzados, que chegaram em um Jeep Cherokee branco.
— Não disseram nada, só atiraram — afirmou.
Leo Veras foi atingido com 12 tiros de calibre 9 milímetros, a maioria pelas costas, ao tentar correr. Um dos disparos o atingiu na cabeça. Nenhum dos familiares dele foi ferido. Em seguida, os homens fugiram na caminhonete.
O promotor Amarilla afirmou que a ação contou com pelo menos três homens — já que um permaneceu na direção do veículo — mas aguarda imagens do circuito de segurança para averiguar se havia outra pessoa na caminhonete. O chefe da Polícia de Amambay, Ignacio Rodríguez Villalba, disse que a investigação trabalha com "três ou quatro hipóteses", mas não quis detalhar qual a principal entre elas.
Até agora, as testemunhas do crime não foram interrogadas formalmente. Elas participam do velório de Leo Veras, em Pedro Juan e, mais tarde, no sepultamento, que será no cemitério de Ponta Porã.
O promotor paraguaio disse que conversou informalmente com a viúva do jornalista, Cinthia Vera, na quarta-feira à noite. Ela teria relatado que o marido estava preocupado e estressado e que teria até falado frases como se fossem de despedida.
— Hoje ouvi entrevistas (dela à imprensa) em que mudou a versão — contou Amarilla.
Segundo Villalba, foi pedido auxílio das polícias Militar e Civil de Ponta Porã, já que os assassinos podem ter atravessado a fronteira e fugido para o Brasil. Em nota, a Polícia Civil de Mato Grosso do Sul informou que está colaborando com a investigação.
Leo Veras era proprietário do site Porã News, sediado em Pedro Juan Caballero, último município daquele país, na fronteira com Brasil, próximo de Ponta Porã. Veras trabalhava na região há 15 anos e já foi correspondente do jornal ABC Color, um dos principais em circulação no Paraguai. No conteúdo do site, há reportagens sobre a ação dos narcotraficantes na fronteira, o enfrentamento com a polícia da guerra pelo controle do tráfico na região de fronteira.
No dia 26 de janeiro, em entrevista concedida à Rede Record, sobre a violência e a corrupção na fronteira, Leo Veras disse ter sido alvo de ameaças.
— Recebi mensagens de texto no celular, dizendo que estava a caminho de ir embora, que ia sofrer atentado, essas coisas e que era para fechar a boca — disse.
O Sindicato dos Jornalistas de Mato do Grosso do Sul (Sindjor-MS) divulgou nota lamentando a morte de Leo Veras, "mais uma vítima dos ataques contra os trabalhadores da comunicação" e pede "severa investigação".