Dois indígenas da etnia guajajara morreram e ao menos outros quatro foram baleados neste sábado (7), em um atentado no município de Jenipapo dos Vieiras, a 506 km ao sul de São Luís, no Maranhão.
O crime aconteceu às margens da BR-226, entre as aldeias Boa Vista e El Betel. Os tiros foram disparados a partir de um carro, segundo testemunhas. Os mortos são Raimundo Guajajara e Firmino Guajajara. Ninguém havia sido preso até a publicação deste texto.
O episódio ocorreu por volta das 12h30. Em protesto, os guajajaras bloquearam a rodovia.
Enquanto esperava atendimento médico na beira da estrada, o guajajara Nelci Olímpio Guajajara, baleado na perna, disse que recebeu dois tiros vindo de um carro branco.
Com as mortes, sobe para três o número de guajajaras assassinados neste ano. Em 1º de novembro, Paulino Guajajara, 26, do grupo de fiscalização Guardiões da Floresta, foi morto com um tiro na Terra Indígena Arariboia.
– Esse crime está dentro dessa escalada dos crimes de ódio. As pessoas estavam em um carro e passaram atirando e queriam matar o quanto podiam. É esse crime de ódio que está em curso pelo Brasil, estimulado pelo discurso de governo, que aumenta o racismo e o ódio contra os indígenas– disse à reportagem Sônia Guajajara, coordenadora da Apib (Articulação dos Povos Indígenas do Brasil).
O Governo do Maranhão mobilizou as polícias Civil e Militar e a Secretaria de Estado dos Direitos Humanos e Participação Popular (Sedihpop) para acompanhar o caso.
Na noite deste sábado, o ministro da Justiça, Sergio Moro, se manifestou sobre o caso e lamentou as mortes. Disse que a Funai (Fundação Nacional do Índio) foi ao local imediatamente e que a Polícia Federal já está mobilizada em investigação.
– Vamos avaliar a viabilidade do envio de equipe da Força Nacional à região. Nossa solidariedade às vítimas – escreveu ele em uma rede social.