
O ministro da Justiça e da Segurança, Sergio Moro, afirmou que está tranquilo em relação ao vazamento de conversas atribuídas a ele pelo site The Intercept Brasil. Nas conversas, Moro teria acertado pontos da operação Lava-Jato com o procurador do Ministério Público Federal (MPF), Deltan Dallagnol. A declaração do ministro foi feita em entrevista ao Programa do Ratinho, na noite desta terça-feira (18).
— Não posso nem confirmar (a veracidade das mensagens) porque não tenho mais as mensagens — disse, acrescentando:
— Mas tenho absoluta certeza que sempre agi com lisura dentro da minha profissão.
A entrevista gravada foi transmitida poucas horas depois da publicação de uma nova reportagem do Intercept, que aponta que Moro teria discordado de Dallagnol sobre investigar o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, em caso que já estaria prescrito. Nas palavras atribuídas a Moro, ele não queria "melindrar alguém cujo apoio é importante". A primeira matéria feita pelo site foi divulgada no dia 9.
Moro não entrou em detalhes sobre o conteúdo das conversas. Ele se referiu apenas a forma como as mensagens teriam sido vazadas, reforçando a opinião de que a ação teria sido realizada por um "grupo criminoso" que tenta colocar obstáculos na operação.
O ministro afirmou ainda que "as pessoas se acostumaram tanto com impunidade" que, antes da Lava-Jato, não conseguiam imaginar que pessoas poderosas no país poderiam responder a processos e serem presas.
— O quadro mudou — diz. — Mas tem muita gente que quer voltar a situação anterior de impunidade.
Ele também disse que, mesmo assim, "cabe eventuais críticas a operação Lava-Jato", embora "não concorde com muitas delas".
Perguntado, Moro também disse que já sofreu ameaças quando era juiz da Lava-Jato, "grande parte" delas feitas de forma anônima.
— É para tentar te desestabilizar. Existe um risco, acho que é compensado pelo dever jurídico — disse.
Projetos do governo
Moro também citou o pacote anticrime idealizado por ele, que está em tramitação na Câmara dos Deputados, e afirmou que sente uma "grande receptividade" dos parlamentares. Contudo, ele afirma entender que a prioridade é do projeto de reforma da Previdência.
O ministro falou também sobre o decreto das armas de Jair Bolsonaro, que foi derrubado na noite desta terça-feira pelo Senado:
— A posse (que trata sobre manter a arma dentro da residência) tem condições de ser flexibilizado mais que o porte (que permitiria circular com o armamento) — disse Moro.