Eleito com discurso de austeridade fiscal e eficiência, o futuro governador Eduardo Leite (PSDB) deve aumentar a estrutura de governo das atuais 19 para até 22 secretarias. O governador eleito aproveitou o anúncio de mais três nomes de seu secretariado, nesta segunda-feira (10), para indicar que o seu governo terá ao menos duas novas pastas: a Secretaria de Governança e Gestão Estratégica, que terá o titular divulgado nesta semana, e a Secretaria de Administração Penitenciária.
Leite também vai desmembrar a pasta da Cultura, que atualmente está unida com Esporte, Lazer e Turismo. A avaliação é que a mescla de assuntos díspares em uma única secretaria deixa a gestão "tumultuada" e dificulta a busca por um nome capacitado. Já Turismo se tornará uma diretoria da pasta de Desenvolvimento Econômico.
— Não excederá (o número de secretarias) que esse governo atuou ao longo do período todo. Estamos tranquilos que vamos atender à austeridade, não vamos fazer aumento de gastos, mas dar efetividade às políticas públicas — argumentou Leite, que participa diretamente das decisões.
A surpresa desta segunda-feira (10) foi Leany Lemos para a Secretaria do Planejamento. Vinda do Distrito Federal (DF) e interlocutora de Leite desde o resultado eleitoral, a professora de pós-graduação e servidora do Senado terá que decidir, de imediato, se o Planejamento deve incorporar a Secretaria de Modernização Administrativa. No médio prazo, Leite espera que ela seja peça-chave nas políticas de austeridade, como foi no DF.
Eduardo Cunha da Costa, recém-anunciado procurador-geral do Estado (PGE), já na quarta-feira (12) terá o desafio de convencer Marco Aurélio Mello, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), a manter a liminar que suspende o pagamento da dívida do Estado com a União.
— É um assunto que tem repercussão muito grande, representa bilhões. Vamos explicar ao ministro a situação do Estado, de que permanece com dificuldades — disse o procurador, que espera ampliar as receitas do Estado com o incremento da cobrança da dívida ativa.
Tânia Moreira, jornalista que esteve ao lado de Leite desde a campanha, foi o terceiro nome anunciado nesta segunda-feira. Além deles, Leite havia definido os titulares da Fazenda (Marco Aurélio Cardoso) e da Casa Civil (Otomar Vivian). Todos integram, até o momento, a chamada "cota pessoal" do governador, tendo baixa influência política. Leite admite a dificuldade de montar o que chama de "quebra-cabeça" do secretariado, considerando as indicações dos partidos.
Claudio Gastal, que é coordenador técnico da equipe de transição e também presidente-executivo do Movimento Brasil Competitivo, é tido, nos bastidores, como nome certo no secretariado de Leite.
— Sempre que me perguntam se o governo será técnico ou político, eu digo que não há oposição entre uma coisa e outra. Tem que reconhecer as forças políticas que estão estabelecidas. Tem uma Assembleia Legislativa, 55 deputados, é natural que identifiquemos, nos partidos que têm disposição, as figuras que podem nos ajudar — disse Leite.
O novo governo deve manter a atual separação entre as pastas da Agricultura e do Desenvolvimento Rural — secretarias que terão nomes políticos em seus comandos. Durante a semana, a equipe do governo eleito vai analisar os indicados para a Saúde e para a Educação. As opções foram sugeridas por uma instituição chamada Brasil do Futuro, mas não são consideradas as únicas opções.
Reunião privada com Bolsonaro
Na quarta-feira (12), Leite terá sua primeira audiência privada com Jair Bolsonaro, em Brasília. A reunião será acompanhada por Onyx Lorenzoni (DEM-RS), chefe da Casa Civil de Bolsonaro. Além de uma aproximação, Leite espera tratar com Bolsonaro das buscas por uma adesão do Estado ao Regime de Recuperação Fiscal e de investimentos do governo federal no Rio Grande do Sul.
Leite viaja às 5h de quarta-feira para Brasília porque, ainda pela manhã, participará do Fórum dos Governadores, onde estarão reunidos os representantes de todos os Estados. Sergio Moro, futuro ministro de Justiça e da Segurança de Bolsonaro, comandará o encontro, que terá presença dos presidentes do STF, Dias Toffoli, e do Superior Tribunal de Justiça (STJ), João Otávio de Noronha.