Enfrentando uma grave crise interna, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, deverá faltar à posse do presidente eleito Jair Bolsonaro em 1º de janeiro. A presença do premiê na cerimônia é vista como um dos principais trunfos do futuro mandatário na esfera internacional.
De acordo com a embaixada de Israel, há indicativos de que Netanyahu encurte a sua passagem pelo Brasil. Ele deve chegar na sexta, 28, e ir embora no domingo, 30. Ainda segundo a representação diplomática, a decisão final, no entanto, não foi tomada.
Netanyahu e Bolsonaro se encontrarão neste período no Rio de Janeiro. É esperado que o premiê dê uma entrevista para a imprensa brasileira na cidade no domingo. Se o premiê israelense faltar à posse, Bolsonaro poderá contar apenas com a presença do presidente do Chile, Sebastián Piñera, e do líder boliviano Evo Morales. O presidente americano, Donald Trump, um dos ídolos de Bolsonaro, será representado por seu secretário de Estado, Mike Pompeo.
A antecipação do retorno do primeiro-ministro para Israel deve acontecer devido a uma reviravolta política que coloca em risco o seu próprio futuro. Os líderes dos partidos da coalizão governista em Israel chegaram a um acordo nesta segunda, 24, para dissolver o Parlamento e novas eleições gerais foram marcadas para abril de 2019.
O acordo foi fechado após a coalizão fracassar em conseguir apoio para aprovar a legislação que convoca judeus ultraortodoxos para o serviço militar. Netanyahu, há 10 anos no poder, deve concorrer ao quarto mandato consecutivo e é favorito, segundo as pesquisas. Seu mandato acabaria em novembro do ano que vem.
A coalizão de Netanyahu enfrenta problemas desde a explosão da crise de segurança com Gaza e se agravou em novembro, com a renúncia do ministro da Defesa Avigdor Lieberman - que retirou seu partido, o Yisrael Beiteinu, da coalizão após o premiê concordar em estabelecer uma trégua com o Hamas. Lieberman justificou a decisão afirmando que Netanyahu mostrou fraqueza ao não lançar uma operação de grande envergadura contra o grupo que controla a Faixa de Gaza. Desde então, o governo possui maioria de apenas um assento dos 120 no Knesset, o Parlamento.