O presidente eleito, Jair Bolsonaro, titubeou ao responder à pergunta se o futuro ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, poderá deixar o governo caso seja comprovado que ele cometeu alguma ilicitude. Nesta semana, o Supremo Tribunal Federal (STF) determinou a abertura de investigação para analisar as acusações de caixa 2 contra ele, feitas por delatores da J&F.
— Havendo qualquer comprovação de uma denúncia robusta, contra quem quer que esteja no governo, ao alcance da minha caneta Bic, ela será usada — eclarou Bolsonaro, ao ser indagado pela reportagem "se era mesmo óbvio" — como disse mais cedo o vice-presidente eleito, general Hamilton Mourão, em Belo Horizonte — que, se encontradas irregularidades na investigação aberta contra Onyx, o deputado do DEM terá de deixar o seu governo.
Ontem, Bolsonaro respondeu a pergunta semelhante dizendo que "nada o preocupava" e que no caso de "denúncia robusta" haveria afastamento do futuro governo. Hoje, ao ser questionado, Bolsonaro primeiro parou, pensou, e só depois, com muito cuidado, resumiu que qualquer um sob denúncia será afastado, sem se estender na resposta e encerrando a entrevista.
Pela manhã, o general Mourão, afirmou:
– Uma vez que seja comprovado que houve ilicitude, é óbvio que terá que se retirar do governo. Mas, por enquanto, é uma investigação.
Dar ministério para Magno Malta não é "adequado"
Ainda durante a entrevista, o presidente eleito comentou a decisão do senador Magno Malta (PR-ES) de deixar a política. Bolsonaro disse que "as portas estão abertas" para o capixaba em seu futuro governo, mas não como ministro.
— Um soldado serve à pátria, assim como um general, um bom jornalista, um bom profissional. Sobre a questão de um possível ministério, não achamos adequado para ele (Malta) no momento. Agora, ele pode estar do meu lado, sim, nunca foram fechadas as portas. Ele pode servir à pátria estando ao meu lado em outra função — disse o presidente eleito.
Bolsonaro afirmou, ainda, que se ofertasse ministério a todos os seus amigos "ficaria complicado".
— O perfil dele não se enquadrou nessa questão, apenas isso. Continuo devedor, sou grato. As portas da transição estão abertas — reforçou.
Ele disse, ainda, que tem uma "dívida de gratidão" com Malta, mas que não houve comprometimento em oferecer um ministério para o senador, que não conseguiu se reeleger, durante a campanha. Bolsonaro também lembrou que ofereceu a vaga de vice para Malta em sua chapa, mas que ele optou por tentar a reeleição.
Nesta quarta, Malta declarou, em entrevista ao site The Intercept Brasil, que ainda torce por Bolsonaro e o considera "um amigo". Mas também avaliou que "muita gente que falava mal dele, não pedia voto, e agora tá aí, se aproximando".
Ele também disse que quer se dedicar ao projeto de recuperação de viciados em drogas que mantém em Cachoeiro (ES) e ver os netos crescerem.
– O meu papel foi feito. Tudo passa nessa vida– comentou.