Atual superintendente da Polícia Federal (PF) no Paraná, Maurício Valeixo foi convidado pelo futuro ministro da Justiça, Sergio Moro, para ocupar o cargo de diretor-geral da corporação. Valeixo, descrito como "profundamente operacional", deve substituir o também delegado Rogério Galloro.
Ex-diretor de Inteligência da PF, Valeixo foi antes diretor de uma outra área-chave para a gestão do futuro ministro da Justiça: a de Combate ao Crime Organizado. Moro só não anunciou oficialmente o nome de Valeixo — com quem mantém boa relação desde a década de 1990 — porque ainda monta o quebra-cabeça do ministério e o delegado, apesar de praticamente definido para a PF, é uma peça que se encaixaria em mais de uma posição. O anúncio deve sair nesta semana.
Em outro movimento, Moro confirmou na segunda-feira (19) os delegados da PF Érika Marina e Rosalvo Ferreira Franco — pioneiros da Lava-Jato — como os primeiros nomes na equipe de transição. Ambos ajudaram a construir e consolidar o modelo de apuração adotado na operação, com forças-tarefa para assuntos prioritários.
No início do mês, Moro disse que pretende adotar esse estilo para combater o crime organizado em todo o país. Deflagrada em março de 2014, a Lava-Jato é considerada a maior investigação contra a corrupção já realizada no Brasil.
Érika pode ser escolhida por Moro para comandar órgão estratégico para investigações internacionais no ministério: o Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional (DRCI).
Um terceiro indicado para integrar a equipe de Moro na transição é Fabiano Bordignon, chefe da PF em Foz do Iguaçu (PR), que não atuou na Lava-Jato. Cotado para assumir o Departamento Penitenciário Nacional (Depen), ele já foi diretor da Penitenciária Federal de Catanduvas, no Paraná, e em Foz do Iguaçu investigou a rota do crack no Brasil - a cidade se tornou um ponto de entrada da droga no país nos últimos anos.
Com a exoneração publicada no Diário Oficial da União, Moro chegou na segunda-feira a Brasília e almoçou com Érika, Rosalvo e Bordignon, além de Flávia Blanco, que pode ser chefe de gabinete, e o agente Marcos Koren, que supervisiona a sua segurança na capital federal. Aos jornalistas, Moro afirmou que está cuidando da formação do ministério e do organograma de atividades na transição.
— No momento certo os anúncios públicos serão feitos — disse.
Rosalvo afirmou que está colaborando na transição e que continuará à disposição do futuro ministro. Os outros dois delegados não falaram com a reportagem. Até quinta-feira, Moro poderá se reunir com os ministros Torquato Jardim, da Justiça, e Raul Jungmann, da Segurança Pública — pastas que serão fundidas na sua gestão.