O economista, ex-secretário e ex-deputado estadual Cezar Busatto morreu na madrugada desta segunda-feira (13), em Porto Alegre, aos 66 anos. Ele tratava um câncer de próstata e faleceu por volta das 3h40min, no Hospital Moinhos de Vento, onde estava internado desde o dia 6 de agosto.
Nascido em 6 de abril de 1952, em Veranópolis, teve trajetória reconhecida na gestão pública. Economista por formação, foi auditor fiscal e professor universitário.
Após ocupar o cargo de secretário especial de Governo e adjunto da Fazenda na administração de Pedro Simon (1987-1990), foi eleito pela primeira vez para um mandato na Assembleia Legislativa em 1994, pelo então PMDB, licenciando-se para assumir a Secretaria da Fazenda no governo de Antônio Britto (1995-1998).
— Na era Britto, éramos um time e tínhamos um projeto muito grande com a General Motors (GM). Transformaria o Estado num polo automotivo — conta Paulo Odone, que, juntamente com Busatto, Britto, José Fogaça e Berfran Rosado, deixou o PMDB para filiar-se ao PPS em 2001.
Busatto conquistou mais dois mandatos como deputado estadual – em 1998 e 2002, este último já pelo novo partido. Em 2004, tornou-se secretário de Coordenação Política e Governança Local na prefeitura de Porto Alegre, na primeira gestão de Fogaça no Paço Municipal.
— Naquela época, com o Fogaça, ele fez um discurso que surpreendeu a todos. Em uma reunião, contou sobre a doença. Disse que tinha ido até o “outro lado” e voltado, que estava bem. Dificilmente alguém passaria por tudo isto em pé, a gente sabia o que ele estava passando, a quantidade de remédios, mas ele estava sempre em pé. Uma persistência fantástica — lembra Odone.
Saiu da prefeitura em 2008, quando assumiu a Casa Civil estadual no governo de Yeda Crusius. Deixou o cargo meses depois, após a divulgação de uma gravação em que dizia ao então vice-governador, Paulo Afonso Feijó, que órgãos públicos eram fonte de financiamento para partidos políticos.
Em 2010, Busatto reassumiu a Secretaria de Coordenação Política e Governança Local da prefeitura da Capital. Pediu licença do comando da pasta quatro anos depois, por motivos de saúde.
— Busatto era uma pessoa de uma inteligência incrível. Muito intenso. As coisas com ele nunca eram mornas. Teve grandes cargos como político, mas acima de tudo ele foi um servidor público de carreira e sabia o que era criar consenso, algo que está difícil hoje em dia. Ele estudava, ele entendia — conta Berfran Rosado, antigo companheiro de partido.
O velório de Busatto ocorre na Assembleia Legislativa, a partir das 12h, e a cremação será às 20h, no Crematório Metropolitano. Ele deixa a mulher, Miriam Linera, dois filhos gêmeos frutos do primeiro casamento com a ex-vereadora Clênia Maranhão — o juiz do trabalho Carlos Ernesto e o atual secretário da Fazenda de Porto Alegre, Leonardo Busatto — e dois netos, Luca e Bernardo.
Para Paulo Odone, além do trabalho na vida política, é pelo jeito afetuoso que Busatto também será lembrado:
— Ele podia não ser nada meio termo, mas também era um romântico. Amava as pessoas. Eu, com 76 anos, fico vendo alguns colegas já indo. Hoje infelizmente foi o Busattinho: o maluco visionário.
O ex-governador Antônio Britto elogiou a trajetória do economista, que foi secretário da Fazenda em seu mandato:
— Busatto presta, até quando nos deixa, um grande serviço à política. Sua perda em meio a um processo eleitoral em que a política é a vilã deve servir para lembrar o quanto ela pode ser exercida com honestidade, intensidade, coragem e coerência, como Busatto fez.
O prefeito de Porto Alegre, Nelson Marchezan, divulgou nota, em que "manifesta profundo pesar pelo falecimento" do ex-secretário. "Cezar Busatto foi dos mais importantes políticos das últimas décadas, tendo participado dos principais fatos envolvendo o Estado e a cidade de Porto Alegre", diz o texto.
Já o governador José Ivo Sartori expressou sentimentos à família por meio do Twitter. "O Rio Grande perde um homem público que foi secretário de Estado, secretário municipal, deputado e Chefe da Casa Civil. Cézar Busatto dedicou parte de sua vida pela causa pública. Nossos sentimentos à família", escreveu.