O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse, na noite desta segunda-feira (2) que deseja ver o mérito de seu processo sobre o triplex do Guarujá (SP) julgado, para que a "verdade" a seu respeito seja restabelecida. A declaração foi dada em discurso em ato público no Rio de Janeiro em sua defesa — o último antes do julgamento do habeas corpus no Supremo Tribunal Federal (STF), na quarta-feira (4), que pode livrá-lo da prisão.
— Eu não estou aqui pelo direito de ser candidato. O que eu quero é que eles parem de mentir a meu respeito, devolvam a minha inocência. Eu quero é que eles votem o mérito do meu processo. Não estou acima da lei, tenho que ser tratado como qualquer cidadão. Quero é que digam a verdade a meu respeito — afirmou Lula.
O ex-presidente Luiz disse que sua atuação política continuará por meio de seus apoiadores, sob quaisquer circunstâncias.
— Se eles não me deixarem de falar, falarei pela boca de vocês. Andarei com as pernas de vocês. Se meu coração parar de bater, baterá pelo coração de vocês — declarou.
Lula fez elogios aos presidenciáveis Manuela D'Ávila (PCdoB), presente ao ato, e Guilherme Boulos (PSOL).
— Isso aqui (a esquerda) não é uma seita, que todo mundo tem que pensar igual. Ter Manuela e Boulos como candidatos é um luxo.
Dirigindo-se à família da vereadora Marielle Franco (PSOL), assassinada no dia 14 e também homenageada durante o ato, Lula afirmou que o pensamento da parlamentar seguirá vivo.
— Eles pensam que matando a carne acabam com a pessoa. Mas não acabam com os sonhos e as ideias.
O compositor Chico Buarque (que não discursou) e parlamentares de PT, PSOL, PSB, PDT, PCO e PCdoB participaram do ato no Circo Voador, chamado
O ex-presidente criticou "O Mecanismo", do diretor José Padilha, pelo fato de a série ter colocado o personagem inspirado nele falando a frase "é preciso estancar a sangria" — originalmente dita pelo senador Romero Jucá (PMDB-RR) e captada em grampo autorizado pela Justiça.
O ex-presidente afirmou que o próximo governo terá de adotar uma política econômica oposta à atual.
— Quem ganhar a eleição vai ter que mudar a PEC do (teto do) Gasto e fazer a PEC do Investimento — disse o petista, durante ato em sua defesa no Rio.
No discurso, Lula defendeu incentivos à indústria nacional, criticou as petroleiras estrangeiras e disse que a Petrobras deve atender aos interesses nacionais.
— Não sou um cara que vê conspiração em tudo, mas o que está acontecendo no Brasil tem o dedo das multinacionais de petróleo — afirmou.
O ex-presidente criticou ainda a reforma trabalhista e pediu que seus aliados se mantenham mobilizados.
— Lembrem da campanha das diretas. A gente colocou muita gente na rua e não levou. O mais importante é manter o ânimo — disse.