O empresário Marcelo Odebrecht afirmou em depoimento à Justiça Federal, na quarta-feira (11), que, conforme ele analisa e envia para os investigadores da Lava-Jato seus e-mails recuperados, "mais complica" a vida do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, condenado e preso na operação.
Na audiência, o advogado Cristiano Zanin Martins, que defende Lula, afirmou ao juiz Sergio Moro que não teve acesso ao conteúdo integral dos e-mails e que só questionaria em relação àqueles que o empresário selecionou.
— Quantos e-mails o senhor analisou, senhor Marcelo? — disse Zanin.
— Eu já devo ter encaminhado mais de 3 mil e-mails, entendeu? Eu digo para o senhor o seguinte: é melhor que a defesa do Lula fique com os e-mails, porque quanto mais eu vou... Mais complica a vida dele — respondeu Odebrecht.
O empresário foi ouvido por Moro como colaborador no processo em que é réu — junto com Lula —, acusado de corrupção e lavagem de dinheiro na compra de um terreno que abrigaria o Instituto Lula, em São Paulo, no valor de R$ 12,5 milhões.
Odebrecht disse que o valor era propina que vinha de uma "conta geral" do PT, de R$ 200 milhões, e que os e-mails recuperados confirmam caixa 2 no negócio e o envolvimento de amigos de Lula na negociação.
A ação penal relativa ao terreno para o Instituto Lula — apontado como propina da empreiteira paga ao ex-presidente — é a próxima a ser julgada contra o petista.
Em fase de conclusão, o processo deve entrar agora nas alegações finais, etapa em que a defesa vai fazer pedir a absolvição e o Ministério Público Federal (MPF) fará sua manifestação final pela condenação.
Condenado a 12 anos e um mês de prisão em 2ª instância no caso triplex do Guarujá (SP), Lula está preso na sede da Polícia Federal na capital paranaense. Odebrecht, atualmente, cumpre sua pena em casa.