Na entrevista concedida na noite desta segunda-feira (26) ao programa Roda Viva, da TV Cultura, o juiz federal Sergio Moro voltou a defender a prisão após condenação em 2ª instância e deu um recado sutil à ministra do Supremo Tribunal Federal (STF) Rosa Weber, cujo voto é considerado decisivo no julgamento do pedido de habeas corpus impetrado pela defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, marcado para o próximo dia 4.
Ao longo da entrevista, Moro mencionou apenas dois ministros do Supremo quando comentava a qualidade dos membros da Corte: o decano, Celso de Mello, e Rosa Weber, com quem Moro atuou como juiz auxiliar durante o julgamento do mensalão.
— Tenho apreço especial pela ministra Rosa Weber, com quem trabalhei. Pude observar a seriedade da ministra, a qualidade técnica da ministra — disse Moro.
O juiz, posteriormente, comentou a possibilidade de revisão da jurisprudência do STF, que desde 2016 permite o cumprimento da pena de condenados após decisão em 2ª instância.
— Tenho expectativa de que esse precedente não vai ser alterado.
Nos bastidores, especula-se que o Supremo está dividido em relação ao tema: cinco ministros defendem a manutenção da possibilidade de prisão após decisão em 2ª instância, e outros cinco ministros querem a revisão deste entendimento. Rosa Weber, portanto, seria decisiva para o desempate.
— Essa generosidade de recursos consegue ser muito bem explorada por criminosos e poderosos, política e economicamente. São eles que podem contratar os melhores advogados (...) Uma revisão desse precedente (prisão após 2ª instância) teria um efeito muito ruim, passaria uma mensagem errada, passaria uma mensagem no sentido de dar um passo atrás — disse.