Entidades representativas dos veículos de comunicação brasileiros divulgaram nota repudiando invasão do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MTST) ao parque gráfico do jornal O Globo, na manhã desta quinta-feira (8), no Rio de Janeiro (RJ).
Assinam o documento a Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (ABERT), a Associação Nacional de Editores de Revistas (ANER) e a Associação Nacional de Jornais (ANJ).
"É inadmissível que um grupo, que se diz defensor de causas sociais, ameace e ataque profissionais e meios de comunicação que cumprem a missão de informar a sociedade sobre assuntos de interesse público", diz um trecho da nota.
A Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP) também repudiou a invasão das instalações do jornal e pediu que as autoridades garantam a segurança dos seus funcionários e identifiquem e punam os responsáveis por este "ato violento e ilegal".
O presidente da SIP, Gustavo Mohme, repudiou "o ato violento e ilegal contra o meio de comunicação". O diretor do jornal peruano La República acrescentou que "a democracia permite protestos, mas quando estes são feitos com violência, intimidação e afetando o direito de terceiros e, neste caso, a liberdade de imprensa, transformam-se em uma ação condenável que as autoridades devem investigar imediatamente para apurar responsabilidades."
Roberto Rock, presidente da Comissão de Liberdade de Imprensa e Informação e diretor do Silla Rota, portal mexicano de notícias, afirmou que "condenamos e rejeitamos de forma vigorosa a atitude ameaçadora e agressiva dos manifestantes que colocaram em risco a segurança física dos funcionários do jornal".
A invasão
Um grupo com cerca de 500 integrantes do Movimento dos Sem-Terra (MST) entrou no parque gráfico do jornal O Globo, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, na manhã desta quinta-feira (8). Os manifestantes picharam paredes, vidros e móveis do local. Eles também tentaram atear fogo a um totem com o nome do jornal, que não chegou a ser danificado. A ação foi gravada e divulgada nas redes sociais do grupo.
De acordo com o MST, participaram mulheres do Levante Popular da Juventude, do Movimento dos Atingidos por Barragens e do Movimento dos Pequenos Agricultores, além de moradoras de comunidades da cidade.
A ação, segundo o MST, é parte da Jornada Nacional de Luta das Mulheres Sem Terra, que tem por lema a frase de Rosa Luxemburgo "Quem não se movimenta, não sente as correntes que a prendem".
Não houve confronto. Meia hora depois da invasão, o grupo deixou o local.
A empresa ainda não se manifestou.
Confira a nota de repúdio:
A Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (ABERT), a Associação Nacional de Editores de Revistas (ANER) e a Associação Nacional de Jornais (ANJ) repudiam com veemência a invasão promovida pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MTST) ao parque gráfico do jornal O Globo, na manhã desta quinta-feira (8), no Rio de Janeiro (RJ).
Cerca de 400 integrantes do MTST ocuparam o local, levando baderna e vandalismo às instalações. Muitos dos manifestantes, armados com facões, fizeram pichações em vidraças, sofás, paredes e no piso do jornal, além de atearem fogo em pneus.
É inadmissível que um grupo, que se diz defensor de causas sociais, ameace e ataque profissionais e meios de comunicação que cumprem a missão de informar a sociedade sobre assuntos de interesse público.
Atos criminosos como este são próprios de grupos extremistas, incapazes de conviver em ambiente democrático, e não pautarão os veículos de comunicação brasileiros. A ABERT, a ANJ e a ANER condenam o ataque e pedem às autoridades uma rigorosa apuração do fato, com a punição dos responsáveis, para que vandalismos como este não voltem a se repetir.
Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão Associação Nacional de Editores de Revistas Associação Nacional de Jornais