O presidente Michel Temer convocou ministros, na tarde desta sexta-feira (30), para discutir a estratégia que o governo irá adotar diante da Operação Skala, da Polícia Federal, que culminou na prisão temporária de dez pessoas nesta semana – incluindo amigos do peemedebista.
Participam da reunião, no Palácio da Alvorada, os ministros Moreira Franco (Secretaria-Geral da Presidência), Sérgio Etchegoyen (Gabinete de Segurança Institucional) e Gustavo Rocha (interino de Direitos Humanos). O advogado do presidente, Antonio Claudio Mariz, também participou do encontro.
Desde que a operação foi deflagrada, na manhã de quinta (29), o Planalto não se manifestou oficialmente sobre o caso. Embora critiquem as prisões, consideradas “exageradas”, interlocutores de Temer admitem que é necessário manter a cautela para “evitar um desgaste ainda maior”.
Operação Skala
A operação foi autorizada pelo ministro Luis Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), no inquérito sobre a edição do decreto dos portos. A investigação apontou o suposto beneficiamento pelo governo da empresa Rodrimar, mediante pagamento de vantagens a políticos do PMDB.
Entre os presos, estão dois amigos pessoais de Temer há décadas: José Yunes, ex-assessor da Presidência, e o coronel da reserva José Baptista Lima, o coronel Lima. Nome importante do PMDB, o ex-ministro da Agricultura e ex-presidente da Companhia Docas de São Paulo (Codesp) Wagner Rossi também foi preso.
Além do constrangimento de ver as prisões de pessoas de seu círculo pessoal, Temer também está preocupado com a possiblidade de ser alvo de uma nova denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR). Nos bastidores, a avaliação é de que Temer não teria força política para barrar mais uma acusação.
No ano passado, o congelamento de duas denúncias na Câmara — uma por corrupção passiva e outra por organização criminosa e obstrução da Justiça — teve alto custo. Para convencer os parlamentares a interromper a abertura de ação penal e o afastamento de Temer da cadeira de presidente, o peemedebista liberou emendas e distribui cargos. Agora, por se tratar de período eleitoral, o desafio seria ainda maior.