O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), negou que tenha recebido doações ilegais da construtora Odebrecht, conforme denúncias que geraram investigações que envolvem também seu pai, Cesar Maia, um dos possíveis candidatos ao governo do Estado do Rio de Janeiro no ano que vem. Maia disse que recebeu apenas "doações oficiais" da construtora.
— Foi doação oficial, está na minha prestação de contas, e não há nenhuma contrapartida dita por ninguém. Então, se está na minha doação oficial e não tem contrapartida, é doação oficial — afirmou o deputado, nesta sexta-feira (29), no Rio.
— Mas, a partir do momento em que se quer cria uma ilação para se prejudicar a política, alguns querem isso, eu explico tudo a esse respeito (das doações) — completou o presidente da Câmara.
Inquérito
Segundo relatório da Polícia Federal (PF) divulgado em novembro em um dos inquéritos que investigam Maia, há indícios de que as campanhas do deputado receberam dinheiro de empresas a mando da Odebrecht. A prática foi apelidada pelos investigadores de "caixa três". As informações são do jornal Folha de S.Paulo.
O dinheiro seria entregue na forma de doação pela Cervejaria Petrópolis, que fabrica a Itaipava. Desde que vieram a público as delações de donos e executivos da empreiteira, em abril, apontava-se a cervejaria como a principal parceira da Odebrecht no esquema.
A PF destacou ter localizado na prestação de contas da campanha de Maia de 2014 uma doação de R$ 200 mil da empresa Praiamar Indústria Comércio e Distribuição, ligada à Cervejaria Petrópolis. A Praiamar doou ao diretório nacional do DEM, que repassou a Maia. Também em 2014, a PF notou haver doações da Petrópolis ao diretório nacional do DEM no valor de R$ 6,1 milhões.
Já em 2010, segundo a polícia, a campanha de Maia à Câmara recebeu R$ 389 mil do diretório estadual do DEM fluminense. O diretório, por sua vez, havia recebido R$ 20 mil da Praiamar e R$ 80 mil da Leyroz Caxias Indústria Comércio e Logística, outra empresa ligada à Cervejaria Petrópolis.