O ex-procurador Marcelo Miller negou, nesta quarta-feira (29), em audiência na CPI da JBS, que tenha orientado delatores a realizar gravações de delatados em negociações feitas pelo Ministério Público Federal (MPF). Miller citou diretamente o presidente Michel Temer, alvo de escuta feita pelo empresário Joesley Batista em conversa no Palácio do Jaburu. A gravação do peemedebista foi utilizada como base para um pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR) de abertura de investigação contra o presidente.
— Nunca mandei, nunca orientei ninguém a gravar ninguém como membro do Ministério Público Federal. Não participei disso. Eu não mandei gravar o presidente da República — afirmou.
Para convencer os parlamentares, Miller citou uma série de casos de colaboração premiada em que atuou, no âmbito da Operação Lava-Jato, mas que não tiveram registro de gravação dos denunciados. O ex-procurador lembrou que participou, por exemplo, das negociações envolvendo a delação de Fernando Baiano, Ricardo Pessoa e também da empreiteira Andrade Gutierrez.
Miller foi questionado, então, pela sua atuação no caso envolvendo o ex-senador Delcídio Amaral (MS), flagrado em gravação na qual tratava de plano para barrar a Lava-Jato. O ex-procurador negou, entretanto, que tenha havido ação controlada do MPF para que fossem produzidas provas contra o político.
— Não teve ação controlada no caso do Delcídio Amaral. Até onde eu sei, não havia crime em curso — explicou.
As declarações foram feitas a deputados e senadores durante oitiva realizada pela CPI da JBS.