Em depoimento à Justiça Federal, nesta segunda-feira (6), o ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (PMDB-RJ) afirmou que a suposta "compra" de seu silêncio com a anuência de Michel Temer foi forjada. De acordo com o ex-parlamentar, a versão foi combinada entre o Ministério Público Federal (MPF) e o empresário Joesley Batista, da JBS, para poder incriminar o presidente da República.
— Não existe a história de dizer que eu estou em silêncio porque estou recebendo para não delatar. Parte disso é forjado para imputar crime ao Michel (Temer) no atual mandato.
O áudio gravado por Joesley Batista em um encontro com Temer embasou a primeira denúncia elaborada pelo então procurador-geral da República Rodrigo Janot contra o presidente. O conteúdo da gravação traz o dono da J&F, controladora da JBS, dizendo que "estava de bem com o Eduardo", depois de ter afirmando que havia zerado "pendências". Em seguida, Temer respondeu: "Tem que manter isso aí, viu".
Eduardo Cunha também negou a acusação do doleiro Lucio Funaro, de que teria pedido dinheiro para comprar votos para o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff.
— É ridícula a afirmação dele — disse Cunha.
Ao ser interpelado pelo MPF, Cunha foi questionado sobre a veracidade de sua assinatura em um documento entregue por Lucio Funaro, que ainda não está nos autos do processo. O ex-parlamentar reclamou:
— Dobradinha de delator com ministério público pra me constranger eu não vou responder — falou, afirmando que não iria comentar o caso.
Depoimento
O depoimento de Cunha ao juiz da 10ª Vara da Justiça Federal, Vallisney Souza Oliveira, começou por volta das 9h30min, sendo interrompido às 14h para o almoço. Durante toda a oitiva, o ex-presidente da Câmara ficou frente a frente com o principal alvo de seus ataques, o doleiro Lucio Funaro. Eles estavam separados apenas pela mesa que ocupavam e não conversaram.
A sessão foi retomada e seguiu até as 17h. No entanto, como Henrique Eduardo Alves foi ouvido, os réus só foram liberados por volta das 19h30min.