Integrante da ala do PSB que faz oposição ao governo Michel Temer, o deputado Júlio Delgado (MG) foi escolhido, nesta quarta-feira (18), novo líder do partido na Câmara. Ele assumiu o posto após conseguir assinaturas de 20 dos 37 integrantes da bancada apoiando a destituição da então líder, deputada Tereza Cristina (MS), e a escolha dele como substituto. O parlamentar mineiro deve ficar no posto até o fim do ano, quando a bancada deve realizar eleição de novo líder, que atuará no ano legislativo de 2018.
Delgado informou que mudará dois dos quatro membros titulares do PSB na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), que deve votar nesta quarta-feira a segunda denúncia contra Temer.
O novo líder deve substituir os deputados Danilo Forte (CE) e Fábio Garcia (MT), que são da ala governista, pelos deputados Danilo Cabral (PE) e Hugo Leal (RJ), que devem votar contra Temer. Os outros dois integrantes titulares do PSB na CCJ são o próprio Delgado e Tadeu Alencar (PE), também favorável à aceitação da denúncia contra Temer.
Delgado já tinha conseguido assinaturas suficientes para ser escolhido novo líder do PSB no fim da noite de terça-feira (17). Na manhã desta quarta, contudo, perdeu uma das assinaturas, em razão da exoneração do ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho, que retornou ao mandato de deputado.
Com a volta de Coelho para a Câmara, a deputada Creuza Pereira (PE), que era suplente, teve de deixar o mandato e, assim, sua assinatura não valeu. No fim da manhã, porém, Delgado conseguiu uma nova assinatura: a do deputado Leopoldo Meyer (PR).
Coelho foi exonerado do cargo, oficialmente, para retomar o mandato parlamentar e garantir a apresentação de emendas individuais ao Orçamento de 2018. Assim como o ministro de Minas e Energia, o ministro da Defesa, Raul Jungmann (PPS-PE), também foi exonerado. Jungmann, porém, ainda não tinha reassumido o mandato quando Delgado protocolou a lista. Caso tivesse assumido, ele faria Delgado perder mais uma assinatura: a do deputado Severino Ninho (PE). Como o ministro da Defesa não reassumiu a tempo, a assinatura de Severino foi validada.
Partido vive racha
O PSB vive uma crise interna por causa do racha na bancada, dividida entre o grupo pró-Temer e o grupo de oposição ao governo. Essa divisão fica mais evidente na CCJ, na qual o partido tem quatro vagas. No colegiado, dois votam a favor do arquivamento da denúncia e outros dois pela admissibilidade do pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR). A direção do partido fechou questão a favor da denúncia, mas só Delgado e Tadeu Alencar seguirão a determinação partidária.
Integrantes da ala governista, Tereza Cristina, Danilo Forte, Fábio Garcia e Fernando Coelho enfrentam um processo de expulsão do partido. A saída forçada dos filiados só não se concretizou na segunda-feira (16) porque o Tribunal de Justiça do Distrito Federal manteve uma liminar proibindo o PSB de expulsá-los.