Os áudios dos executivos Joesley Batista e Ricardo Saud, que podem influenciar no acordo de delação premiada da JBS, apontam o ex-procurador e braço direito de Rodrigo Janot, Marcelo Miller, como "agente duplo", capaz de conquistar maiores benefícios com a delação premiada dos empresários.
Segundo informações da Revista Veja, que afirma ter tido acesso aos áudios da conversa entre Joesley e Ricardo, os dois, aparentemente sem saber que estavam sendo gravados, alegam que Miller, que atuava na força-tarefa da Lava-Jato, pode ajudá-los.
Leia também:
Delação da JBS era "extremamente problemática", diz Gilmar Mendes
Fachin vai decidir sobre sigilo de gravação que pode anular delação da JBS
PGR apura possível omissão na delação da JBS e não descarta anular acordo
– Eu quero nós dois 100% alinhados com o Marcelo. Nós dois temos que operar o Marcelo direitinho pra chegar no Janot. É o que falei com a Fernanda (possivelmente Fernanda Tórtima, advogada), nós nunca podemos ser os primeiros, nós temos que ser os últimos, nós temos que ser a tampa do caixão. Fernanda, nós nunca vamos ser quem vai dar o primeiro tiro, nós vamos o último. Vai ter que bater o prego da tampa – declara Batista. – Nós fomos intensos pra fazer, temos que intensos pra terminar – acrescenta.
Ainda conforme a Veja, em um dos trechos Saud diz que uma das formas de conquistar a confiança de Janot é dizer que "todo mundo é bandido".
– A gente vai acabar virando amigo desse Ministério Público, você vai ver. Nós vamos virar amigos desse Janot. Nós vamos virar funcionários desse Janot, vamos falar a língua deles. Você sabe o que que é? – pergunta Joesley. – Você quer conquistar o Marcelo? Você já achou o jeito. É só começar a chamar esse povo de bandido. Esses vagabundo bandido, assim – acrescenta.
Supremo
Em outro trecho, Saud e Joesley dizem que a advogada Fernanda teria "surtado" porque, dependendo de quem os executivos citassem na delação premiada, as investigações poderiam chegar ao Supremo.