O corretor Lúcio Bolonha Funaro narrou em seu acordo de colaboração premiada a entrega de R$ 500 mil para o marqueteiro Duda Mendonça. O repasse estaria relacionado à campanha de Paulo Skaf ao governo de São Paulo e teria sido realizado em um escritório na Avenida 9 de Julho. Segundo Funaro, a entrega foi solicitada pelo ex-deputado Eduardo Cunha e era para "atender ao presidente Temer".
A informação consta nos anexos 8 e 9 da delação de Funaro. O primeiro aborda o tema "Michel Temer, intermediação de pagamentos de propinas para interpostos do presidente" e o segundo fala sobre os "operadores de Michel Temer."
"Ainda houve uma entrega de R$ 500 mil, a pedido de Cunha para a campanha do Paulo Skaf ao governo de São Paulo, em um escritório na Avenida 9 de Julho, em São Paulo, para Duda Mendonça para atender o presidente Temer", diz o anexo 8 ao qual o jornal O Estado de S. Paulo teve acesso. Skaf é presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).
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No anexo de número 9, por sua vez, o delator explica que Cunha foi ao seu escritório e lhe informou que Temer pediu que Funaro entregasse os valores em um escritório ligado a Duda Mendonça. "Tais valores foram debitados da conta que o colaborador mantinha com Cunha, o qual tinha sua própria compensação interna com Michel Temer", diz o anexo 9.
A delação de Funaro foi homologada pelo ministro Edson Fachin na última terça-feira (5). O lobista está detido no Complexo Penitenciário da Papuda desde o dia 1º de julho de 2016, quando foi alvo da operação Sépsis, que investiga irregularidades no Fundo de Investimento do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FI-FGTS).
Skaf foi o candidato do PMDB na eleição ao governo de São Paulo contra o tucano Geraldo Alckmin. O peemedebista teve 21,5% dos votos e Alckmin foi reeleito no primeiro turno.
O advogado Juliano Breda, responsável pela defesa de Duda Mendonça, disse que o caso está sob sigilo e por isso não irá se manifestar. Délio Lins e Silva Júnior, advogado de Cunha, afirmou que não comenta a delação de Funaro até o sigilo ser levantado. A reportagem entrou em contato com a assessoria de Skaf, mas ainda não obteve resposta.