Falecido na madrugada deste sábado (12), Carlos Araújo, 79 anos, é lembrado por amigos e políticos pela dedicação à resistência contra o regime militar (1964-1985).
Amigo de Araújo desde 1979, Milton Zuanazzi, falou em nome de amigos e familiares. Emocionado, ressaltou as características do ex-deputado.
– Era uma figura humana extremamente carinhosa, e sedutora até. Dificilmente alguém não gostava do cara, inclusive seus adversários políticos – descreve.
Essa característica, segundo Zuanazzi, fez com que ele mantivesse contato até mesmo com seus torturadores da época em que foi preso político da ditadura.
– Após a prisão política, ele teve contato com seus torturadores, chegou a ser professor de um torturador. Ou seja, uma pessoa que não guardava nenhum rancor – conta.
Leia mais:
Militante, guerrilheiro e ex-deputado: o legado de Carlos Araújo
Rosane de Oliveira: um homem que tinha histórias para contar
"Dilma não vai se abalar, sabe o que está fazendo", disse Araújo em 2016
Da mesma forma, o deputado Pedro Ruas (PSOL) relembrou a militância de Araújo pela causa popular. Junto com Leonel Brizola, ambos participaram da fundação do PDT, em 1979.
– Um verdadeiro herói da resistência contra a ditadura militar. Acho que a expressão é correta, porque ele foi heroico nessa resistência, nessa luta. É um modelo de militância, de engajamento, de compromisso com a causa popular, com a mudança da sociedade – afirma Ruas.
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) também divulgou nota em que destaca a atuação de Araújo durante a ditadura.
"Carlos Araújo manteve durante toda a sua vida a militância e coerência política, a honestidade e o compromisso com a defesa dos trabalhadores e do Brasil. A democracia brasileira deve muito ao empenho e coragem de Carlos Araújo durante a ditadura militar. Na volta da democracia ajudou a fundar o PDT, representou o povo gaúcho e atuou como advogado na defesa dos trabalhadores. Nesse momento de perda, minha solidariedade à presidenta Dilma Rousseff, à sua filha, Ana Paula, aos seus netos Guilherme e Gabriel, e todos os familiares e amigos de Carlos Araújo", diz a nota.
O velório de Araújo ocorre na Assembleia Legislativa até as 21h, com a presença de Dilma Rousseff. A cerimônia de cremação ocorrerá após o velório, com presença apenas de familiares.