Depois de ser denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) por corrupção passiva, o presidente Michel Temer planeja uma ofensiva contra o autor da denúncia, Rodrigo Janot. Segundo o jornal Folha de S.Paulo, interlocutores do peemedebista afirmam que a estratégia é desqualificar a atuação do procurador-geral da República, sustentando que ele tenta condenar Temer sem provas.
O plano de sobrevivência após a primeira denúncia contra o presidente foi traçado durante reunião entre Temer, ministros e parlamentares no Palácio do Planalto, na noite de segunda-feira (26). O discurso formulado pelo governo é de que Janot faz conclusões que não se comprovam e mira a classe política de forma geral. A linha de defesa do peemedebista ressaltará que não há prova de que a mala com R$ 500 mil, recebida pelo ex-deputado preso Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), tinha Temer como destinatário.
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De acordo com a Folha, aliados deverão ressaltar que o fatiamento da denúncia contra Temer mostra que Janot atua de forma parcial para desgastar a imagem do peemedebista, prolongando a crise política no país. A avaliação do Planalto é de que o conteúdo da denúncia veio dentro do esperado e de que, agora, será necessário dimensionar a repercussão das suspeitas contra o presidente sobre a população.
O governo já iniciou a articulação para barrar a denúncia na Câmara dos Deputados, onde Temer precisa de um terço dos votos em plenário (172 de 513 deputados) para arquivar a denúncia. Após o recebimento da peça acusatória, o relator das delações da JBS no Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Edson Fachin, encaminhará à Câmara a denúncia.
Na Casa, a tramitação iniciará pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). A intenção do governo é abreviar os prazos no colegiado, nomear um aliado e conseguir placar folgado pela rejeição da denúncia. O Planalto acredita que terá votos para arquivar a denúncia na primeira quinzena de julho.
Primeiro presidente da República a ser denunciado no exercício do cargo, Temer ainda é investigado por obstrução de Justiça e organização criminosa.