Dirigentes e deputados do PSB da ala que faz forte oposição ao presidente Michel Temer pedem a expulsão do ministro de Minas e Energia, Fernando Bezerra Filho (PE), do partido, por permanecer no cargo mesmo após a legenda decidir oficialmente romper com o governo. A expulsão já foi defendida por parlamentares e integrantes da direção nacional do PSB nos grupos de WhatsApp do partido.
"Vamos representar contra o Fernando Bezerra Filho. #ForaFernandoBezerraFilho", escreveu Joilson do Nascimento, secretário sindical e membro da executiva nacional do PSB.
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Coelho Filho disse a deputados por meio de mensagem pelo WhatsApp que aguardará a realização da reunião da bancada na Câmara, na terça-feira (23), e a do Senado, na quarta-feira (24), para fazer sua "final avaliação" sobre se deixa ou continua no governo de Michel Temer.
"Os últimos dias não têm sido fáceis, tenho conversado com muitos na bancada e no parlamento para poder interpretar esse momento que estamos vivendo", escreveu o ministro. "O mais fácil e mais cômodo, sem dúvida nenhuma, seria entregar o cargo o quanto antes. Porém, os meus princípios me afastam da comodidade da covardia e me fazem ter a necessária consideração e respeito com as pessoas que me prestaram sua total confiança, incluindo logicamente a bancada do meu partido, com quem irei debater minha situação antes de qualquer posicionamento definitivo", acrescentou.
O ministro, que é deputado licenciado, e outros parlamentares do PSB já respondem a processo que pode levar à cassação, por terem votado a favor da reforma trabalhista durante na Câmara, em abril deste ano, contrariando decisão do partido de fechar questão contra a proposta.
– Esse fato agrava a situação do ministro no processo que ele já responde por infidelidade partidária, no âmbito da comissão de ética do PSB. O partido repudia a presença de seus membros nesse governo, mesmo que não tenha sido indicado pela sua direção nacional – afirmou o presidente nacional do partido, Carlos Siqueira.
Renúncia e diretas
Em reunião no sábado (20), o PSB decidiu desembarcar do governo Temer após o presidente ser atingido pela delação de executivos da JBS. O partido pede a renúncia de Temer e defende eleições diretas para presidente, caso Temer renuncie, seja cassado ou sofra impeachment. Hoje, a Constituição Federal prevê eleição indireta nesses casos.
Na reunião do PSB de sábado, o partido decidiu desembarcar do governo, mas não estabeleceu punição para quem permanecesse.
– Não determinamos a saída, apostando no bom senso, que, infelizmente, não há. Não houve decisão de que não de que não haveria punição – rebateu o presidente da sigla.
O rompimento com o governo Temer foi defendido pela ala do PSB ligada ao governador de Pernambuco, Paulo Câmara, mesmo grupo do ex-governador daquele Estado Eduardo Campos. Esse grupo já defendia independência da sigla em relação ao governo antes mesmo da divulgação da delação da JBS.
O grupo de Fernando Bezerra Filho, porém, sempre foi contra e quer permanecer no governo. Compõem esse grupo, o pai do ministro, o senador Fernando Bezerra (PE), e a líder do partido na Câmara, Tereza Cristina (MS), entre outros parlamentares.
48 horas
Após a reunião da executiva do PSB desse sábado, o ministro de Minas e Energia pediu até 48 horas para anunciar se fica ou não no cargo. Até o momento, ainda não respondeu oficialmente à sigla. No entanto, já informou ao presidente que vai permanecer no posto.
– Felizmente nossas regras de disciplina são claras e foram editadas para todos, indistintamente. O enfrentamento foi decidido por ele e está aceito – afirmou Siqueira.