Em depoimento à Procuradoria-Geral da República (PGR), os executivos da JBS revelaram ter pago suborno a deputados para tentar evitar o impeachment de Dilma Rousseff e um repasse de um “mensalinho”, no valor de R$ 300 mil, ao governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel.
Os trechos das delações estão em dois anexos divulgados pelo site O Antagonista. Em seu depoimento, o empresário Joesley Batista afirmou que comprou o voto de deputados em negociação com o parlamentar baiano João Bacelar (PR-BA).
Leia mais
ÁUDIOS: Ouça a íntegra da gravação do diálogo de Temer e dono da JBS
Quais são os possíveis cenários se Temer cair e quem pode sucedê-lo
Mercado financeiro: Seis olhares sobre o futuro da crise e do Brasil
No anexo 13 da colaboração, Joesley conta que foi procurado pelo deputado João Bacelar (PR-BA), a mando do então ministro da Fazenda, Guido Mantega, para acertar o repasse de dinheiro. Segundo o delator, Bacelar chegou de “surpresa” na sua casa, em São Paulo, às 10h30min do sábado anterior à votação do impeachment na Câmara. Pedindo desculpas, afirmou ter ligado durante o dia para o empresário e, como não conseguiu contato, pegou um avião particular de Brasília com a missão de convencê-lo a comprar deputados dispostos a votar contra o impeachment.
“Bacelar apresentou então uma lista de não menos do que 30 deputados dispostos a votar em favor (sic) de Dilma, em troca do pagamento de propina solicitada de até 5 milhões de reais para cada qual", diz o documento.
Ainda segundo a delação, Joesley barganhou e teria concordado em comprar cinco deputados ao custo de R$ 3 milhões cada. Exigiu a relação dos parlamentares para comprovar o voto contrário à deposição da presidente. Os nomes dos beneficiados ainda não foram divulgados. Na votação da Câmara, Bacelar foi contra o impeachment.
– Eu poderia ser oportunista, não sou. Em virtude do meu posicionamento partidário, eu voto não, senhor presidente – afirmou o parlamentar na sessão de 17 de abril de 2016.
Joesley diz ter pago apenas R$ 3,5 milhões da dívida de R$ 15 milhões, sendo o último repasse, no valor de R$ 500 mil, feito em sua casa, em março deste ano.
Outro delator da JBS, o executivo Ricardo Saud afirmou à PGR que viabilizou o pagamento de uma mesada de R$ 300 mil mensais ao atual governador mineiro Fernando Pimentel (PT). O dinheiro, conforme o dirigente da empresa, foi pago no governo Dilma Rousseff, durante a gestão do petista como ministro da Indústria e Comércio.
O anexo 28 da delação de Saud revela que a mesada a Pimentel teria sido paga por meio de um escritório de advocacia de Belo Horizonte, o Andrade, Antunes e Henrique Advogados. A JBS assinava contratos com a banca e fazia o pagamento, "sem que o escritório prestasse qualquer serviço à empresa". Os pagamento teriam ocorridos entre agosto de 2013 e outubro de 2014.