O ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, é alvo de dois inquéritos no Supremo Tribunal Federal (STF), abertos a partir da lista do ministro Edson Fachin, relator da Operação Lava-Jato. Suspeito de receber recursos ilícitos no valor de R$ 5,49 milhões, Padilha é acusado de três crimes: corrupção ativa, corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
Em um dos inquéritos, de número 4.462, Padilha passou a ser investigado por "fortes elementos que indicam a prática de crimes graves, consistente na solicitação por Eliseu Padilha e Moreira Franco de recursos ilícitos em nome do Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB) e de Michel Temer, a pretexto de campanhas eleitorais".
Leia mais:
Odebrecht diz que entregou propina no escritório de Padilha, em Porto Alegre
Padilha e Moreira Franco "irrigavam" campanhas do PMDB com propina
Padilha recebeu R$ 1,49 milhão de propina na Trensurb, segundo Odebrecht
De acordo com as delações dos ex-executivos da Odebrecht José de Carvalho Filho, Cláudio Melo Filho, Marcelo Bahia Odebrecht, Benedicto Barbosa da Silva Júnior, Hilberto Mascarenhas Alves da Silva Filho e Paulo Henyan Yue Cesena, Padilha teria recebido R$ 4 milhões da empresa.
Uma das parcelas desse montante teria sido entregue no escritório de Padilha em Porto Alegre, na Rua Siqueira Campos. A informação partiu de Benedicto Júnior e de Melo Filho.
O valor seria parte de uma propina total de R$ 10 milhões, paga em conjunto ao ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Moreira Franco (enquanto era Ministro da Aviação Civil). Os R$ 10 milhões teriam sido acertados em um jantar, em 28 de maio de 2014, que reuniu Marcelo Odebrecht, Padilha e Michel Temer, no Palácio do Jaburu.
Em outro inquérito, de número 4.434, o ministro da Casa Civil passou a ser investigado por ter supostamente recebido R$ 1,49 milhão da Odebrecht em relação à obra de extensão da linha do Trensurb entre São Leopoldo e Novo Hamburgo. O repasse teria ocorrido em 2010, dividido em sete parcelas, conforme registros do setor responsável pelos pagamentos de propina da construtora.
Veja os vídeos das delações de ex-dirigentes da Odebrecht que citaram Padilha
Na petição enviada ao STF, que resultou na abertura do inquérito sobre a obra no Rio Grande do Sul, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, apontou os supostos repasses a Padilha, identificado pelo codinome Bicuíra pela Odebrecht. Os valores seriam referentes a 1% do contrato do empreendimento.
Segundo Lana, o peemedebista teria pedido o dinheiro sob o argumento de que teve participação nas tratativas que viabilizaram o empreendimento, licitado em 2001. No período, Padilha era ministro dos Transportes do governo Fernando Henrique.
CONTRAPONTO
Por meio de nota, Padilha disse que "confia nas instituições brasileiras, razão pela qual registra que tem certeza de que com a abertura das investigações lhe será garantida a oportunidade para exercer amplamente seu direito de defesa".
Leia também:
Lista de Fachin: o que pesa contra os sete gaúchos investigados no STF
VÍDEO: delações da Odebrecht citam políticos gaúchos; assista