A Polícia Federal realizou operação de combate à corrupção e à lavagem de dinheiro em Porto Alegre na manhã desta quarta-feira. Dois mandados de busca e apreensão foram cumpridos em uma residência e um escritório de advocacia.
A PF não divulgou os nomes dos suspeitos, mas a Rádio Gaúcha apurou que o alvo principal das investigações é o arquiteto José Francisco Fogaça Thormann, que comandou o Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer) entre 2011 e 2012 e que foi assistente da Diretoria de Infraestrutura Rodoviária do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit).
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Segundo o delegado Alexandre Isbarrola, do Grupo de Repressão a Crimes Financeiros da Polícia Federal, as investigações começaram em 2014 a partir de apontamentos da Receita Federal. A polícia apura o recebimento de valores por parte do investigado entre os anos de 2008 e 2013. Os recursos foram pagos por três empresas que prestaram serviço aos dois departamentos.
– A investigação constatou a utilização de uma empresa de fachada, com sócios laranjas, que era administrada pelo investigado. A empresa recebeu dinheiro de empresas que prestaram algum tipo de serviço para o Daer e para o Dnit quando essa pessoa exerceu funções lá – informa o delegado.
Além das buscas, a Justiça Federal determinou o sequestro de dois imóveis em Porto Alegre e um em Brasília, e de ativos que o que o ex-servidor detém em um empreendimento de lazer localizado no município de Gramado. O valor total do patrimônio sequestrado é estimado em R$ 3 milhões.
Sete pessoas são investigadas. Elas serão indiciadas por corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro, sonegação fiscal e falsidade ideológica. O inquérito deve ser concluído em até 30 dias.
Em 2012, quando deixou o governo de Tarso Genro, o então secretário de Infraestrutura e Logística, Beto Albuquerque, disse que tinha "confiança zero" em José Francisco Fogaça Thormann, então diretor-geral do Daer.
Uma semana depois, Zero Hora publicou reportagem mostrando que Thormann viajou à Suíça em 2012 com todas as despesas pagas por uma subcontratada que prestou serviço em obra rodoviária do Estado. A viagem à Suíça surgiu a partir de uma troca de e-mails, datada de 16 de maio, entre o diretor do Daer e a gerente da empresa Geobrugg AG no Brasil, sediada no Rio.
Em novembro, Thormann deixou o cargo. Ele é arquiteto e não poderia exercer a função de diretor-geral da autarquia. A Rádio Gaúcha ligou para telefones de Thormann nesta quarta-feira, mas até as 11h não obteve retorno.