Médico da família do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o diretor de cardiologia do Hospital Sírio-Libanês, Roberto Kalil Filho, publicou um artigo, neste domingo, no jornal Folha de S. Paulo, criticando o vazamento de exames da ex-primeira-dama Marisa Letícia. Dados sigilosos do diagnóstico da ex-primeira-dama foram compartilhados por uma médica da instituição em um grupo de WhatsApp.
Depois de citar dificuldades do exercício da atividade médica – como jornadas extenuantes e a responsabilização de pacientes por consequências produzidas por doenças – o médico pontuou: "(...) quando afrontam a ética, quebram o juramento de Hipócrates proclamado ao receberem o título de doutor e compartilham publicamente segredos e sentimentos a eles confiados, os médicos violam um dos princípios mais sagrados da profissão, o sigilo médico".
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Sem citar especificamente o caso de Marisa Letícia, Kalil Filho argumentou que a divulgação pelas redes sociais de exames e dados clínicos não autorizados "revela um dos lados perversos do comportamento humano, reprovável e absolutamente inadmissível para quem se apresenta como médico".
"Pior ainda é testemunhar esses profissionais serem movidos por sentimentos menores e ideologias políticopartidárias, fazendo apologia à morte, como lamentavelmente observamos na última semana", acrescentou o cardiologista.
O médico ainda defendeu que tais atitudes merecem a devida punição da direção de hospitais e de conselhos profissionais e que não se pode aceitá-las: "Impossível tolerar que pacientes corram o risco de virar motivo de escárnio entre médicos inescrupulosos".
"O juramento de Hipócrates é claro: o médico deve guardar absoluto respeito pelo ser humano e atuar sempre em seu benefício. Jamais utilizará seus conhecimentos para causar sofrimento físico ou moral, para o extermínio do ser humano ou para permitir e acobertar tentativa contra sua dignidade e integridade", acrescentou. "A dignidade humana deve ser inviolável", finalizou Kalil Filho.