Em almoço nesta quarta-feira com líderes do PSDB na Câmara, o presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), ouviu dos tucanos que a bancada não tem nenhuma intenção de apoiar os candidatos do Centrão que pleiteiam o cargo. Os deputados reiteraram que a parceria entre DEM e PSDB é de longa data e que não há risco de lançamento de candidatura própria.
Maia almoçou com o atual líder do PSDB, Antonio Imbassahy (BA), e seu sucessor, o deputado paulista Ricardo Tripoli, que assumirá o cargo em fevereiro. No encontro de uma hora e meia, Tripoli avisou que fará consultas individuais na bancada sobre o espaço que o partido reivindicará na Mesa Diretora e nas comissões permanentes.
– Vamos postular um espaço. Qual eu ainda não sei – disse Tripoli à Agência Estado.
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Maia tem o apoio da maioria do PSDB, PPS, DEM e de alguns parlamentares da oposição. Embora oficialmente diga que não vai se envolver na disputa, o Palácio do Planalto também trabalha nos bastidores pela reeleição do deputado fluminense.
O foco do presidente da Câmara tem sido garantir apoio do PMDB, maior partido da Casa e a quem o deputado do DEM ofereceu a primeira-vice-presidência da Câmara em sua chapa. Ele também articula para tentar rachar o Centrão, grupo de 13 partidos da base aliada ao governo, liderado por PP, PSD e PTB, e que tem dois candidatos ao comando da Casa.
Centrão
Um dos candidatos do Centrão é o líder do PSD, deputado Rogério Rosso (DF). A exemplo de Maia, Rosso marcou viagens nesta semana. Deve ir a Goiânia e São Paulo para encontros com parlamentares. Ele também pretende viajar para Alagoas e Pernambuco no fim de semana.
– Tudo pago pelo meu bolso – afirmou.
O líder do PSD, que passou o réveillon na Paraíba, aproveitou a viagem para se encontrar com deputados federais do Estado, entre eles Aguinaldo Ribeiro, líder do PP na Câmara, e Rômulo Gouveia (PSD).
Outro candidato do Centrão, o líder do PTB na Casa, deputado Jovair Arantes (GO), ainda não definiu calendário de viagens. Ele marcou para esta terça-feira reunião com assessores para fazer o planejamento de campanha.
Oposição
Único candidato da oposição até o momento, o deputado André Figueiredo (PDT-CE) não tem previsão de começar viagens. Ex-ministro das Comunicações do governo Dilma Rousseff, ele disse que, por enquanto, vai conversar com líderes da oposição.
– Vamos avaliar a conjuntura no decorrer dessas próximas duas semanas. Nosso grande desafio é buscar a unidade das oposições e apoio de outros partidos, desde que mantendo o objetivo da nossa candidatura, de um Parlamento independente – disse Figueiredo à Agência Estado.
O pedetista afirmou que só pretende começar a campanha após 16 de janeiro, data em que a bancada do PT, maior partido de oposição, marcou reunião para decidir como se posicionará durante a eleição da Câmara. No mesmo dia, o PDT também se reunirá para decidir se mantém ou não uma candidatura.
Supremo
Na semana passada, o deputado do PDT entrou com mandado de segurança no Supremo Tribunal Federal, com pedido de liminar, solicitando que a Corte proíba a candidatura de Maia. Figueiredo sustenta que a candidatura do deputado do DEM é inconstitucional.
Na ação, o ex-ministro afirma que o artigo 57 da Constituição proíbe a reeleição de presidentes do Legislativo no mesmo mandato. Maia, por sua vez, argumenta que o veto não se aplica a presidentes de mandato-tampão, como ele, eleito em julho de 2016 para um período de sete meses, após a renúncia do hoje deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
O mandado de segurança de Figueiredo foi a segunda ação de adversários de Maia contra ele no Supremo. Partido do Centrão, o Solidariedade entrou com ação também pedindo que a candidatura de Maia seja declarada inconstitucional.
*Estadão Conteúdo