Líder do PSD na Câmara dos Deputados, Rogério Rosso (DF) garantiu que o início das delações premiadas de executivos da Odebrecht – com o vazamento do relato do ex-diretor de Relações Institucionais da empreiteira, Cláudio Melo Filho, na última sexta-feira –, não foi suficiente para fragmentar a base do governo de Michel Temer.
Em entrevista ao programa Gaúcha Atualidade na manhã desta terça-feira, o parlamentar afirmou ainda que o Congresso não pode ficar paralisado durante o processo:
– São 77 delações, uma por semana. Se não seguirmos votando matérias importantes, ficamos parados até o final do governo. Todos temos consciência de que é necessário um conjunto de ações no Congresso e de reformas para tirar o Brasil da crise econômica, que é sem precedentes.
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Em relação à PEC da reforma da Previdência, Rosso admitiu que existem resistências dentro da própria base do governo sobre o assunto:
– O tema da Previdência é muito difícil, é a matéria mais difícil que o Congresso analisa nos último anos, pois cada parlamentar já entra nesse tema com suas convicções. Existem resistências grandes dentro da própria base por causa da matéria – destacou.
Atual candidato à presidência da Câmara – em junho, Rosso foi derrotado por Maia na disputa por um mandato-tampão –, o político falou ainda que, se eleito, o foco de sua gestão será tornar o Legislativo protagonista em várias questões que hoje são atribuídas a outros poderes:
– Dizer que o Parlamento legisla não tem sido uma realidade no Brasil. Por isso, a independência dos poderes não funciona. O Legislativo precisa ser protagonista, e não simplesmente reativo nas discussões e projetos que o governo manda.
Rosso também falou sobre as primeiras informações do relato do ex-diretor de Relações Institucionais da empreiteira, entre elas a de que Gilberto Kassab (PSD), ex-prefeito de São Paulo e atual ministro da Ciência, Tecnologia e Comunicações, teria recebido R$ 14 milhões em caixa dois da Odebrecht em 2013 e 2014. O parlamentar afirmou que não sabe de nada e que o partido confia no ministro:
– Jamais recebi ou tive qualquer tipo de contribuição da Odebrecht. Sobre Kassab, também li a informação, mas a gente precisa respeitar o que a Constituição coloca: a presunção da inocência, a ampla defesa e o contraditório, sem as quais o Estado Democrático de Direito não existe.