A Editora Confiança, responsável pela publicação da revista Carta Capital, recebeu R$ 3,5 milhões da construtora Odebrecht entre 2007 e 2009 a pedido do então ministro da Fazenda, Guido Mantega, segundo delação do ex-presidente da Odebrecht Transport, Paulo Cesena. O executivo disse à Operação Lava-Jato que a doação foi realizada pelo Setor de Operações Estruturadas, conhecido como o departamento de propinas da empreiteira. As informações são do jornal O Globo.
Conforme a publicação, o empresário afirmou ter recebido a ordem de pagamento diretamente de Marcelo Odebrecht e entendeu que o repasse seria realizado para atender a um pedido do PT.
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– Marcelo Odebrecht me chamou para uma reunião em sua sala, no escritório em São Paulo, e me informou que a companhia faria um aporte de recursos para apoiar financeiramente a revista Carta Capital, a qual passava por dificuldades financeiras. Marcelo me narrou que esse apoio era um pedido de Guido Mantega, então ministro da Fazenda – disse Cesena. – Entendi que esse aporte financeiro tinha por finalidade atender a uma solicitação do governo federal/Partido dos Trabalhadores, pois essa revista era editada por pessoas ligadas ao partido.
Marcelo Odebrecht teria orientado Cesena a procurar o jornalista Mino Carta, diretor de redação da revista, e o economista Luiz Gonzaga Belluzzo, consultor editorial, para que o apoio fosse negociado.
Ainda segundo o Globo, a Editora Confiança já teria honrado R$ 3 milhões da dívida por meio de patrocínios que a Odebrecht deu a eventos da Carta Capital de 2010 a 2012.
A diretora administrativa da editora, Manuela Carta, afirmou que Cesena se expressou mal e que não houve empréstimo, mas sim um acordo de publicidade que previa adiantamento de verbas. Segundo ela, tudo já foi quitado, com páginas de publicidade e o patrocínio da Odebrecht a eventos. Já Belluzzo disse que procurou Marcelo Odebrecht para firmar o acordo e que tudo consta no balanço da empresa. Os dois representantes da editora negam a participação de Mantega na operação.