A campanha presidencial de Dilma Rousseff (PT) em 2014 pagou o salário de assessores pessoais do então candidato a vice Michel Temer, embora o peemedebista tenha registrado uma conta própria na Justiça Eleitoral.
De acordo com comprovantes de depósitos e recibos apresentados ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e divulgados pela Folha de S. Paulo, quatro colaboradores diretos de Temer – a chefe de gabinete, dois assessores de imprensa e o assessor jurídico – receberam, juntos, R$ 543 mil de julho a outubro de 2014 pagos pela conta de Dilma.
As informações vão contra o principal argumento da defesa de Temer de que, com uma conta independente, ele não poderia ser responsabilizado por eventuais irregularidades cometidas durante a campanha.
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A chapa Dilma/Temer é alvo de pedido de cassação na justiça em ações pelo PSDB e seus coligados por abuso de poder político e econômico nas eleições. Para evitar a cassação, os advogados de Temer solicitaram que o então vice tivesse seu caso julgado separadamente de Dilma, sob o argumento de que, com uma conta própria, houvera "movimentação distinta de recursos".
A expectativa é que o caso seja julgado pelo plenário do TSE no primeiro trimestre de 2017.
Procurado pela Folha, o atual secretário de Comunicação da Presidência, Márcio de Freitas, afirmou que "a estratégia da defesa (de Michel Temer) sempre foi baseada na separação da arrecadação, não na separação dos gastos". Questionado sobre se estaria admitindo a hipótese de seu salário ter sido pago por fontes ilegais, ele afirmou que "só a Justiça eleitoral poderá responder a essa pergunta".