A prisão do ex-ministro da Fazenda Guido Mantega em um hospital de São Paulo gerou críticas no Congresso Nacional e levou a Polícia Federal a emitir uma nota para justificar o procedimento.
De acordo com a PF, o ex-ministro estava no Albert Einstein, na capital paulista, e desceu até a portaria do edifício, a pedido dos agentes da PF. Os policiais foram até o local a partir de informações prestadas pelo filho de Mantega e pela empregada doméstica, que estavam no apartamento do ex-ministro em São Paulo, onde inicialmente foi cumprido o mandado de prisão. As informações são da Rádio Gaúcha.
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Ainda conforme a nota, policiais federais se dirigiram até o hospital e telefonaram ao ex-ministro Guido Mantega, que se apresentou espontaneamente na portaria.
"De forma discreta e em viatura não ostensiva, o investigado acompanhou a equipe até o apartamento e, já tendo feito contato com seu advogado, foi então iniciado o procedimento de busca", diz o texto.
A bancada do PT do Senado foi incisiva no ataque à Polícia Federal. Em nota, diz ter recebido com "extrema indignação" a prisão do ex-ministro da Fazenda. Para os senadores petistas, o repúdio à ação da Polícia Federal é ainda maior em razão das condições "desumanas, arbitrárias e, mais uma vez, espetaculosas" como foi realizada, citando o fato de Mantega ter sido preso em um hospital, enquanto acompanhava a mulher numa intervenção cirúrgica a que se submeteria para tratamento de câncer.
"O desrespeito às regras mais básicas da dignidade humana e do Estado democrático de Direito extrapola o limite das 'tristes coincidências com que integrantes da força tarefa da Operação Lava Jato tentam escusar o odioso abuso de autoridade cometido na prisão do ex-ministro nesta quinta-feira (22), abuso este que se soma a um rol de outros já perpetrados pretensamente em nome da lei", criticou a bancada petista.
Em nota, que não entra no mérito das acusações que levaram à detenção provisória de Mantega, os senadores do PT prestam solidariedade ao ex-ministro e a sua esposa e externam o mais profundo repúdio a mais essa ação "pirotécnica" realizada sob o manto do Estado. A bancada conclui que esse tipo de atitude contribui para fragilizar a crença nas instituições democráticas e na lisura e isenção das operações efetuadas pela Lava Jato.
Mantega foi preso na 34ª fase da Operação Lava Jato, que foi batizada de Arquivo X. Os mandados foram cumpridos em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Bahia, Rio Grande do Sul e no Distrito Federal.
Confira a íntegra da nota da nota da PF:
Sobre o cumprimento de mandados durante a 34ª fase da Operação Lava Jato, a Polícia Federal informa:
1 – Ao comparecer hoje, às 6hs, na residência do ex-ministro da Fazenda Guido Mantega para o cumprimento de ordens judiciais, constatou-se que apenas o filho adolescente do investigado e uma empregada doméstica estavam presentes no local;
2 – Ao serem informados pelos ocupantes do apartamento que Mantega encontrava-se no Hospital Albert Einstein, a PF dirigiu-se ao local;
3 - Nas proximidades do hospital, policiais federais fizeram feito contato telefônico com o investigado, que se apresentou espontaneamente na portaria do edifício;
4 – De forma discreta e em viatura não ostensiva, o investigado acompanhou a equipe até o apartamento e, já tendo feito contato com seu advogado, foi então iniciado o procedimento de busca.
5 - Tanto no local da busca como no hospital todo o procedimento foi realizado de forma discreta, sem qualquer ocorrência e com integral colaboração do investigado.