O presidente Michel Temer deu início no domingo à sua primeira visita aos Estados Unidos, com uma agenda que será dividida entre a Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) e evento empresarial destinado a apresentar as reformas econômicas propostas pelo governo federal e à tentativa de atrair investimentos para os projetos de infraestrutura divulgados na semana passada.
Um grupo de cerca de 25 brasileiros receberam o presidente aos gritos de "Fora, Temer, golpista" quando ele chegou, no fim da tarde, ao hotel Plaza Athénée, onde ficará hospedado durante sua visita de três dias a Nova York. Esta é a segunda viagem internacional do presidente desde sua confirmação no cargo, em 31 de agosto. Logo depois de tomar posse, ele foi à China, onde participou de reunião de líderes do G-20.
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Nesta segunda-feira, Temer fará o discurso de abertura da Assembleia-Geral da ONU, que, tradicionalmente, cabe ao presidente do Brasil. Não há previsão de uma reunião formal de Temer com o presidente dos EUA, Barack Obama, mas ambos devem se encontrar rapidamente no plenário da ONU, já que o norte-americano será o segundo a discursar. A assessoria de Temer disse que nem o Brasil nem os EUA propuseram encontro bilateral entre os presidentes.
Temer terá reuniões privadas com os presidentes de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa; do Peru, Pablo Kuczynski; e do Uruguai, Tabaré Vázquez, cujo governo divulgou nota crítica ao impeachment de Dilma Rousseff no início do mês.
Agenda
A agenda oficial de Temer começa com a participação em uma reunião sobre a questão dos refugiados e migrantes convocada pelo secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon. A questão dos refugiados também será discutida em um encontro promovido por Obama, na tarde de terça-feira. O governo dos EUA pressiona o Brasil e os demais países que participarão do evento a adotar metas específicas para o recebimento de refugiados nos próximos anos.
O clima será outro tema do encontro da ONU. Na quarta-feira, o Brasil será um dos países que comunicarão o secretário-geral da ONU que já ratificaram o Acordo de Paris. Fechado em dezembro, o tratado estabelece metas de redução das emissões que provocam efeito estufa. Para entrar em vigor, o tratado precisa ser ratificado por 55 países que representem 55% das emissões. O Brasil ratificou o acordo em 12 de setembro.
Empresários
O presidente brasileiro chegou a Nova York no fim da tarde de domingo, acompanhado dos ministros da Justiça, Alexandre de Moraes, Meio Ambiente, Sarney Filho, e Minas e Energia, Fernando Bezerra Filho, e do secretário do Programa de Parcerias de Investimentos, Moreira Franco. Maurício Quintella, dos Transportes, chega a Nova York nesta segunda-feira.
Depois do evento do clima, Temer se reunirá com cerca de 20 CEOs de grandes empresas americanas, no qual pretende falar sobre as reformas propostas por seu governo e também conhecer a percepção deles em relação ao Brasil. Em seguida, terá almoço com investidores, analistas de mercado e representantes de agências de classificação de risco.
O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, não está na comitiva que acompanhou o presidente. Ele chega nesta terça-feira e participa do almoço que o Temer fará com empresários e investidores para falar do programa de concessões, na quarta-feira. Já o ministro das Relações Exteriores, José Serra, chegou no sábado. Para mostrar o programa de concessões, Moreira Franco e outros ministros têm reuniões a partir desta segunda-feira com representantes de bancos.
O Citigroup também organiza evento com mais de 30 investidores e gestores de recursos, no hotel onde Temer está hospedado, o elegante Plaza Athénée. Na segunda-feira à tarde, Temer participa de entrevista à imprensa e falará sobre o programa de concessões anunciado na semana passada.
Antes do almoço na quarta-feira, Temer e os ministros terão encontro com empresários e presidentes de empresas. Em seguida, ele fará discurso em que deve destacar o ajuste na economia brasileira, principalmente o fiscal, e o programa de concessões.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.