O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve fazer nesta quinta-feira a primeira aparição pública após ser denunciado por corrupção e lavagem de dinheiro pela força-tarefa da Operação Lava-Jato. A equipe de Lula convocou a imprensa para um pronunciamento a ser realizado às 13h, no Novotel Jaraguá, no centro de São Paulo. A previsão, segundo a direção do PT, é de que a fala do ex-presidente seja transmitida pela internet.
Nesta quarta-feira, coube ao advogado Cristiano Zanin Martins, que defende Lula, receber a imprensa. O Martins divulgou nota criticando a postura do procurador da República Deltan Dallagnol, coordenador da força tarefa da Lava-Jato. De acordo com o texto, a denúncia apresentada pelo Ministério Público Federal (MPF) é uma "farsa lulocentrada" que sequer apresentou provas dos atos ilícitos atribuídos aos acusados.
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"A denúncia em si perdeu-se em meio ao deplorável espetáculo de verborragia da manifestação da força tarefa da Lava-Jato. O MPF elegeu Lula como 'maestro de uma organização criminosa', mas 'esqueceu' do principal: a apresentação de provas dos crimes imputados", diz o texto, assinado pelos advogados Cristiano Zanin Martins e Roberto Teixeira, responsáveis pela defesa do casal.
De acordo com a manifestação de Lula, a denúncia está "baseada em peça jurídica de inconsistência cristalina". "A farsa lulocêntrica criada ataca o Estado Democrático de Direito e a inteligência dos cidadãos brasileiros. Não foi apresentado um único ato praticado por Lula, muito menos uma prova", afirmam os advogados.
De acordo com a nota, a Operação Lava-Jato vem praticando, desde seu princípio, "uma devassa na vida do ex-presidente", sem sucesso. "Foi necessário, então, apelar para um discurso farsesco. Construíram uma tese baseada em responsabilidade objetiva, incompatível com o direito penal. O crime do Lula para a Lava-Jato é ter sido presidente da República", ironiza o texto.
Os advogados sustentam que Lula e Marisa Letícia não são proprietários do imóvel objeto da denúncia – um apartamento triplex no Edifício Solaris, no município do Guarujá. "Se não são proprietários, Lula e sua esposa não são também beneficiários de qualquer reforma ali feita. Não há artifício que possa mudar essa realidade. Na qualidade de seus advogados, afirmamos que nossos clientes não cometeram, portanto, crimes de corrupção passiva (CP, art. 317, caput), falsidade ideológica (CP, art. 299) ou lavagem de capitais (Lei nº 9.613/98, art. 1º)", sustentam.