Em depoimento no âmbito da Operação Lava-Jato obtido pela Rede Globo, um dos delatores, o empresário Júlio Camargo, afirma ter sido coagido, extorquido e chantageado pelo deputado afastado Eduardo Cunha. As informações são do jornal O Globo.
Ao ser perguntado sobre o motivo de, em seu primeiro depoimento na delação premiada, não ter citado o envolvimento de Cunha com irregularidades e posteriormente ter mudado a versão, Júlio Camargo respondeu que tinha “medo”.
– Toda pessoa que é razoavelmente inteligente ou não é demente tem que ter (medo). E o meu medo, o meu receio, não era físico, o meu receio era de uma pessoa poderosa, agressiva, impetuante (sic) na sua cobrança, contra minha família e meus negócios e das minhas representadas. (...) Porém, foi exatamente isso que aconteceu, nesses termos que estou usando: ou você paga ou vou te buscar. De novo, não é ameaça física – disse Camargo após uma pergunta do representante do Ministério Público.
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O depoimento foi mais um das testemunhas de acusação, indicadas pela Procuradoria-Geral da República, em uma das duas ações penais nas quais Cunha é réu e que estão em andamento no Supremo Tribunal Federal (STF).
No processo, Eduardo Cunha é acusado de receber ao menos US$ 5 milhões em dinheiro desviado de contrato de navios-sonda da Petrobras. O advogado Ticiano Figueiredo, que defende Eduardo Cunha, disse que o depoimento de Camargo é contraditório e que a reunião em que o ex-presidente da Câmara teria cobrado o empresário pessoalmente não existiu.