A retomada das obras da segunda ponte do Guaíba foi garantida nesta terça-feira pelo presidente interino Michel Temer (PMDB) durante reunião no Palácio do Planalto com políticos da bancada gaúcha no Congresso. Assessorado pelos ministros dos Transportes, Maurício Quintella, do Planejamento, Dyogo Oliveira, e da Casa Civil, Eliseu Padilha, Temer prometeu aos parlamentares verba de R$ 100 milhões do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), recurso a ser destinado em cinco parcelas mensais de R$ 20 milhões, a primeira já em agosto. Conforme o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), o mínimo necessário para retomada dos trabalhos era R$ 70 milhões.
– Foi uma reunião muito bem sucedida. Os parlamentares gaúchos ficaram contentes com a receptividade do presidente Temer, que se convenceu de que essa obra é a prioridade número um do Rio Grande do Sul – disse o senador Lasier Martins (PDT), um dos responsáveis, ao lado de Padilha, por alinhavar o encontro.
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Paralisada desde maio por falta de recursos, a ponte é considerada prioridade no Estado por ligar a Região Metropolitana aos portos de Uruguaiana e de Rio Grande, além de estar na principal rota de conexão da Capital com países como Argentina e Uruguai.
– O porto seco de Uruguaiana é o maior do gênero no Brasil, e pelo de Rio Grande se escoam os principais produtos gaúchos. É preciso levar em conta também que, em função do vão móvel da atual ponte, há muitos engarrafamentos, que causam um enorme prejuízo econômico ao Estado – comentou Lasier.
Os 18 deputados federais e os dois senadores presentes na reunião também sustentaram a necessidade de verbas para o trecho Guaíba-Pelotas da BR-116 e para a duplicação da BR-386. Segundo Lasier, o presidente interino não se negou a discutir o assunto mais adiante, mas reforçou que o país atravessa um momento de crise e pediu calma.
– Vamos por parte. Vocês sabem das dificuldades financeiras que temos _ disse Temer aos parlamentares, segundo Lasier.
O custo total e atualizado da nova travessia é de R$ 740 milhões e, conforme o DNIT, foram investidos até agora aproximadamente R$ 266 milhões (36%). Atualmente, apenas cerca de 80 funcionários estão trabalhando em funções como segurança do material, manutenção, licenças ambientais e projeto junto à prefeitura. No dia 2 de maio, cerca de 300 operários foram demitidos pelo consórcio formado por Queiroz Galvão e EGT Engenharia, responsável pela edificação, e desde então a estrutura da ponte permanece a mesma. Outros 200 operários já haviam sido desligados em novembro de 2015. O motivo dos cortes seria o mesmo: insuficiência nos repasses de recursos da União.
– Já nos reunimos com as empresas responsáveis pelo consórcio e acertamos que assim que a destinação da verba for formalizada serão feitas as contratações e, imediatamente, reiniciadas as obras. Esse recurso será consumido ainda dentro de 2016 – disse o superintendente do DNIT, Hiratan Pinheiro da Silva.
A nova ponte foi planejada para ser a principal travessia sobre o Guaíba, dispensando o vão móvel da passagem atual entre Porto Alegre e Eldorado do Sul (pela BR-116/BR-290), que precisa ser acionado toda vez em que há movimentação de navios na região. Os 7,3 quilômetros de extensão (2,9 quilômetros deles sobre a água) vão receber cerca de 50 mil veículos diariamente, segundo estimativa do DNIT. A construção começou em outubro de 2014 e tinha conclusão prevista para o final de 2017, mas o prazo não será cumprido. O governo federal trabalha agora na reprogramação da obra.