A presidente afastada, Dilma Rousseff, fez um leve elogio pessoal ao ministro da Fazenda do governo Michel Temer, Henrique Meirelles, mas não poupou críticas à política econômica do governo em exercício. Em entrevista à Rádio Capital, de São Paulo, a petista reivindicou para si a baixa da inflação e disse crer em uma derrota do processo de impeachment no Senado.
Perguntada sobre o porquê de ela não ter indicado o economista para o ministério da Fazenda, como foi amplamente sugerido pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e por integrantes do então governo petista, Dilma foi econômica e se limitou a dizer que Meirelles "é uma pessoa competente na área dele".
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– Eu não considero que Henrique Meirelles representa este governo como um todo –, complementou.
Dilma, no entanto, criticou propostas de redução de gastos com saúde e educação e disse que o governo Temer está tratando a meta fiscal de 2016, que prevê déficit de até R$ 170,5 bilhões, como um "cheque em branco".
– Se sabe que o déficit não era deste tamanho –, afirmou a presidente afastada.
Dilma disse ainda observar que a inflação está abrandando e que isso ocorre por causa da ação do governo dela.
– As condições para a inflação cair foram sendo construídas durante meu governo –, afirmou, dizendo crer que o arrefecimento dos preços abre a possibilidade de corte de juros.
Na longa entrevista, Dilma repetiu parte do script de conversas anteriores com a imprensa. Voltou a falar em crise internacional, a condenar o que chama de "golpe" e a tecer uma série de críticas ao ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), responsável pela abertura do impeachment contra ela.
– Eu tenho divergências com Cunha desde quando ele assumiu a liderança do PMDB no meu primeiro mandato, por não concordarmos em vários projetos, como no caso do marco regulatório dos portos –, afirmou.
Dilma repetiu ainda que o impeachment contra ela teria sido fruto de uma "vingança pessoal" do deputado fluminense e que a saída dele da presidência da Câmara vai diminuir o poder do grupo de aliados do parlamentar, que teriam uma pauta conservadora própria.
A presidente afastada disse ainda crer que vai reverter o placar do impeachment no Senado e que vai voltar à presidência no final de agosto.
– Quando voltar, vou ter de enxugar muita coisa, tem muita coisa errada sendo feita –, afirmou, em referência às propostas de cortes de recursos para a educação e a saúde.
– Tenho uma obrigação e missão, porque o Brasil passou por uma ruptura democrática e sou responsável por colar isto de volta –, finalizou a petista.