A Polícia Federal prendeu, na manhã desta quinta-feira, o ex-ministro Paulo Bernardo (Planejamento e Comunicações no governo Lula) em Brasília. Mandados de busca e apreensão também foram cumpridos na casa da senadora Gleisi Hoffmann, em Curitiba, e outro no diretório do PT, em São Paulo.
Batizada de "Custo Brasil", a operação é um desmembramento da 18ª fase da Lava-Jato. Do total de 65 mandados judiciais, 11 são de prisão preventiva, 40 de busca e apreensão e 14 de condução coercitiva – quando a pessoa é levada a prestar depoimento. As ações são realizadas em São Paulo, no Paraná, no Rio Grande do Sul, em Pernambuco e no Distrito Federal.
Em ação conjunta com o Ministério Público Federal e a Receita Federal do Brasil, a PF apura o pagamento de propina, proveniente de contratos de prestação de serviços de informática, na ordem de R$ 100 milhões, entre os anos de 2010 e 2015, a pessoas ligadas a funcionários públicos e agentes públicos relacionados ao Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão.
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Na operação desta quinta-feira, o ex-ministro Carlos Gabas foi alvo de uma operação de busca e apreensão em sua residência, em Brasília. Ele atuou como ministro-chefe da Secretaria de Aviação Civil (SAC) do governo Dilma Rousseff, ministro da Previdência Social e já ocupou o cargo de secretário especial da Previdência Social depois que a pasta foi unida ao Ministério do Trabalho.
Outro mandado de condução coercitiva é direcionado ao jornalista Leonardo Attuch, do site Brasil 247. Ele já havia aparecido em investigação da Lava-Jato como suspeito de ter recebido dinheiro por serviços não realizados.
Em relação a Paulo Bernardo, de acordo com nota divulgada pela PF, há "indícios de que o ministério (do Planejamento) direcionou a contratação de uma empresa de prestação de serviços de tecnologia e informática para a gestão do crédito consignado na folha de pagamento de funcionários públicos federais com bancos privados", interessados na concessão desse tipo de crédito.
O inquérito foi aberto em dezembro de 2015, após a decisão do Supremo Tribunal Federal de que a documentação recolhida na 18ª fase da Operação Lava Jato, conhecida como Pixuleco 2, fosse encaminhada para investigação em São Paulo.
De acordo com as investigações, 70% dos valores recebidos por essa empresa eram repassados a pessoas ligadas a funcionários públicos ou agentes públicos com influência no Ministério do Planejamento por meio de outros contratos –fictícios ou simulados.
Os investigados responderão, de acordo com suas ações, pelos crimes de tráfico de influência, corrupção ativa, corrupção passiva, lavagem de dinheiro e organização criminosa, com penas de dois a 12 anos de prisão.
Os presos e o material apreendido serão encaminhados à sede da Polícia Federal em São Paulo. As pessoas conduzidas coercitivamente são ouvidas nas instalações da PF mais próximas dos locais em que forem encontradas.
A Polícia Federal dará uma entrevista, às 11h, no auditório da Superintendência Regional em São Paulo.
*Zero Hora com agências