À espera de manifestantes pró-impeachment que não haviam aparecido até o anoitecer desta quarta-feira, vendedores de bandeiras do Brasil, camisas da Seleção e Pixulecos (bonecos representando o ex-presidente Lula vestidos como presidários) reclamavam do péssimo dia para negócios nos arredores do Parcão, no bairro Moinhos de Vento, em Porto Alegre. Na esquina das ruas 24 de Outubro e Olavo Barreto Viana, um ambulante contou não ter comercializado nenhum item desde que chegara ali, às 11h.
– Tá fraco – lamentou.
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O administrador de empresas Renato Steiger, 28 anos, aproximou-se para perguntar o preço de uma camisa número 10, com o nome de Neymar, para dar de presente a um conhecido. Apesar de estar alheio ao andamento da sessão do Senado que discutia o afastamento da presidente Dilma Rousseff naquele momento, Steiger celebrou o provável fim do governo da petista.
– É muita roubalheira. Que bom que chegou o dia de limpar essa corrupção – afirmou.
Com a recusa do cliente em pagar os R$ 20 pedidos pela peça, o vendedor começou a recolher as mercadorias do varal para encerrar o expediente.
No outro lado do Parcão, no cruzamento da Rua Mostardeiro com a Avenida Goethe, outros três pontos exibiam bandeiras do Brasil e do Rio Grande do Sul e bonecos infláveis de Lula, Dilma e do juiz Sergio Moro, que está à frente da Operação Lava-Jato. Todos os vendedores estiveram presentes em protestos anteriores realizados no entorno do parque, quando havia clientela interessada nos produtos. Sem informações sobre possíveis manifestações no local nesta quarta, uma dupla de vendedores também cogitava ir para casa logo.
– Até que horas vai lá? Vai noite adentro? – questionou um deles, interessado no final da votação em Brasília.
Ao saber que a sessão poderia se estender até o amanhecer, sugeriu ao colega:
– Vamos encerrar?