Apelos pela proteção aos direitos trabalhistas e críticas ao processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff marcaram a manifestação pelo Dia do Trabalho realizada neste domingo no Parque da Redenção, em Porto Alegre. Organizado pela Frente Brasil Popular e pela Frente Povo sem Medo, o protesto, pautado pelo lema "não vai ter golpe", reuniu centrais sindicais, movimentos sociais e partidos políticos da manhã até o início da tarde. Às 15h, a Força Sindical deu início a um ato em comemoração ao 1º de maio no mesmo local.
O argentino Adolfo Pérez Esquivel, ganhador do Prêmio Nobel da Paz em 1980, despontou como convidado ilustre. Salientou que viera dar um "abraço solidário".
– Não queremos mais golpe de Estado neste continente – falou o ativista. – Nunca ajoelhados, sempre de pé, para defender a soberania dos povos – conclamou.
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Membros do Partido dos Trabalhadores (PT) e de legendas aliadas estavam presentes, reforçando a defesa do mandato presidencial. Pelo topo do caminhão de som, passaram os deputados federais Maria do Rosário, Elvino Bohn Gass, Paulo Pimenta e Henrique Fontana, todos do PT. A deputada estadual Manuela D'Ávila (PC do B), carregando no colo a filha, Laura, discursou:
– Dizer não ao golpe é dizer sim aos direitos da classe trabalhadora. Não ao golpe! Eles não passarão!
Ex-governador do Rio Grande do Sul, Olívio Dutra, quadro histórico do PT, chegou acompanhado da mulher, Judite, e circulou entre o público, sendo muito solicitado para fotos. Olívio falou sobre a importância da data e ressaltou que a democracia deve ser um objetivo permanente.
– Teve um enjambramento para encontrar algum crime contra a presidenta Dilma. Impeachment sem crime tipificado é golpe – sentenciou.
Claudir Nespolo, presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT) no Estado, expressou preocupação com o índice de desemprego no país.
– Os golpistas têm uma pauta, e a pauta é contra os trabalhadores. Aquele pato que a Fiesp usa são os trabalhadores – disse Nespolo, em referência ao mascote da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo.
Integrantes da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) de Caxias do Sul viajaram de ônibus à Capital e instalaram uma churrasqueira ao lado do Monumento ao Expedicionário. Enquanto assistiam a pronunciamentos e apresentações musicais, assaram galeto e salsichão. Perto dali, bonecos de papelão representavam Michel Temer, vice-presidente, e Eduardo Cunha, presidente da Câmara dos Deputados: o primeiro com uma faixa verde e amarela no peito, na qual se lia "conspirador sem voto, chefe do golpe", e o segundo com a inscrição "corrupto". A aposentada Elisabeth Kuhn confeccionou um cartaz com os dizeres "Mulheres com Dilma! Fora machistas!", fixado a um espanador de pó, que servia como haste.
– Quero respeito à Constituição e ao voto. Respeito àqueles que votaram nela e também contra ela – explicou Elisabeth.
Em meio ao protesto, um homem se aproximou de uma equipe de reportagem da RBS TV e chutou o tripé da câmera. O cinegrafista conseguiu segurar o equipamento antes de ele cair no chão. Nenhum integrante da equipe se feriu. A emissora irá registrar ocorrência na Polícia Civil.