O ministro do Planejamento, Romero Jucá, confirmou em entrevista à Rádio CBN, na manhã desta segunda-feira, que a conversa gravada com o ex-dirigente da Transpetro Sérgio Machado é verdadeira, mas nega que tenha se referido à Lava-jato quando falou em "estancar sangria".
Conforme Jucá, a reportagem do jornal Folha de S. Paulo, que divulgou as conversas, trouxe "frases pinçadas".
– Quando disse em estancar sangria não me referia à Lava-jato. Falava sobre a economia do país e entendia que o governo Dilma tinha se exaurido. Entendia que o governo Temer teria condição de construir outro eixo na política econômica e social para o país mudar de pauta – afirmou à rádio.
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À TV Globo, Jucá disse que os diálogos não trazem novidade em relação ao posicionamento dele sobre a crise política e econômica do país. Segundo o ministro do Planejamento, o "pacto" a que ele se refere seria para destravar a crise, e não um acordo para barrar a Lava-Jato. Ainda de acordo com o peemedebista, o termo "delimitar" usado na conversa não significa "barrar" a operação, mas definir quem é culpado, o crime, e a punição de cada acusado.
Sobre o fato de ter se referido a Moro como uma "Torre de Londres", fazendo referência ao local onde ocorriam execuções e torturas entre os séculos 15 a 16, Jucá explicou à CBN que o juiz federal e o Ministério Público estavam agindo de "forma dura", estabelecendo prisões preventivas para que pessoas façam confissões e prestem depoimentos.
– Em alguns momentos têm agido com uma dureza que tem criado esse tipo de pressão e, algumas vezes, envolvem outras pessoas que não têm nada a ver e acabam mencionados, como acontece na delação do Delcídio (Amaral). Isso deve ser delimitado com provas, para não virar uma metralhadora giratória que acuse todo mundo sem nenhum tipo de indício
Alvo de inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF), Jucá disse ainda defender a aceleração das investigações para que se delimite quem é culpado.
– Hoje, ao ser mencionado, todos parecem ter o mesmo tipo de envolvimento. O MP, ao dizer que alguém é citado, coloca uma nuvem negra em cima de toda a classe política.
Jucá ressaltou à TV Globo que, em nenhum momento, ofereceu ajuda ou prometeu a Sérgio Machado que iria interferir nas investigações. Por fim, ele disse que "apoia a Operação Lava-Jato.
Confira a entrevista: