O PT se prepara para uma fase mais técnica do processo de impeachment. O objetivo é pedir diferentes documentos e perícias, mas também fazer uso político de situações negativas do governo Temer. Para aproveitar a primeira crise do presidente interino, os petistas querem inserir a gravação do ex-ministro do Planejamento, Romero Jucá, no processo.
A comissão processante retornou aos trabalhos na quarta-feira, e o relator Antonio Anastasia (PSDB-MG) apresentou uma sugestão de calendário para os trabalhos. O cronograma será votado pelo colegiado na próxima semana. Na proposta, constam duas semanas dedicadas a ouvir testemunhas, apresentação de documentos e perícias.
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Nessa etapa, os petistas querem trazer o diálogo entre o senador Jucá (PMDB-RR) e o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado. O objetivo é alegar que há vício no processo de impeachment, à semelhança do que foi feito quando o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), foi afastado do cargo pelo Supremo sob o argumento de desvio de finalidade na função.
Da mesma forma, os petistas querem fazer uma correlação da atuação de Jucá, que foi um dos principais articuladores do processo de impeachment, com desvio de finalidade.
– Ele fala na conversa que é preciso trocar o governo, fazer o impeachment. Mas ele não fala ali sobre pedaladas, sobre créditos suplementares. O argumento é parar a Lava-Jato – disse o petistas Lindbergh Farias (PT-RJ).
No diálogo, Jucá fala sobre trocar o governo para "estancar" a operação da Polícia Federal. Na sessão de quarta, o presidente da comissão, Raimundo Lira (PMDB-PB), recusou o pedido de suspensão dos trabalhos por alegação de vício, considerando a atuação de Jucá. Os petistas querem levar a questão à Procuradoria Geral da República e ao Supremo.
Provas
Além da gravação de Jucá, a defesa da presidente Dilma pedirá documentos relacionados ao Plano Safra para demonstrar que não há autoria de Dilma Rousseff nas chamadas pedaladas, que atrasaram repasses do governo ao Banco do Brasil.
A defesa pretende ainda trazer perícias feitas por consultorias externas, demonstrando que a edição de créditos suplementares não alterou a meta fiscal, de forma que não haveria então crime de responsabilidade.