Quando Porto Alegre foi escolhida uma das sedes da Copa de 2014, abriu-se o portal da esperança: com dinheiro federal, a Capital se transformaria num canteiro de obras. Vendeu-se a ideia de que o legado da Copa seria um sistema de mobilidade urbana com padrão Fifa, uma rede de saúde mais qualificada, equipamentos urbanos de primeira qualidade e um aeroporto capaz de receber aviões de grande porte, com terminal de passageiros remodelado e um novo estacionamento. A um ano do Mundial, é cada vez mais nítida a impressão de que o balão murchou e de que pouca coisa ficará pronta para a Copa.
Ontem, o jornalista André Machado revelou que até os BRTs (os ônibus rápidos) só começarão a circular depois da Copa. Por uma série de motivos, que vão da demora na apresentação dos projetos à falta de areia, passando pela necessidade de licitação para o transporte coletivo, os ônibus que circularão nos corredores durante a Copa serão os mesmos de hoje. Poderemos ter novas paradas, mas as estações de transbordo, modernas e climatizadas, ficarão para mais tarde.
No auge dos protestos de junho, o prefeito José Fortunati anunciou que estava retirando da matriz de responsabilidade da Copa todas as obras de mobilidade urbana. Fortunati chegou a dizer que as manifestações contra o Mundial perdiam o sentido no momento em que nada mais estava atrelado ao evento. Que as obras em andamento eram para a cidade e que o cronograma estava mantido. Naquele dia, o pedetista estava tentando blindar a prefeitura para escapar de futuras punições em caso de atraso.
Os turistas que vierem a Porto Alegre verão o estádio do Inter remodelado, a Avenida Beira-Rio duplicada, os viadutos da Bento Gonçalves, da Pinheiro Borda e da rodoviária concluídos e, provavelmente, a trincheira da Rua Anita Garibaldi pronta. As outras obras para desafogar a Terceira Perimetral ficarão para o futuro, assim como a duplicação da Avenida Tronco e de um trecho da Voluntários da Pátria. A ampliação do aeroporto está congelada e pairam dúvidas sobre a revitalização dos armazéns do Cais Mauá.