Líderes dos movimentos populares nos anos 1990, as centrais sindicais, afastadas dos protestos de junho de 2013, testaram ontem a sua popularidade com a convocação de paralisação em todo o país.
Ainda contando com forte capilaridade no aparato institucional, obtiveram vitória parcial ao conseguir interromper o trabalho de bancários, rodoviários, metroviários, industriários e parte dos comerciários. Sem transportes, cidades pararam. Houve momentos em que as ruas de Porto Alegre estiveram às moscas. O mesmo ocorreu em outras capitais. Velhas bandeiras foram resgatadas e voltaram a ter maior visibilidade, como a redução da jornada de trabalho, o fim do fator previdenciário e o aprofundamento da reforma agrária. A partir da greve, abrir um canal real de diálogo com os chefes de Executivo e retomar a busca independente por conquistas poderá significar uma lufada de vigor na vida das centrais. Esse foi o extrato positivo das paralisações. As perdas foram representadas pela adesão limitada da população aos atos.
No dia em que quase tudo parou, os sindicalistas e os movimentos sociais foram às ruas em número bem inferior às marchas de junho. Para a maioria da população, o 11 de julho foi um ensolarado feriado. Reflexo da cooptação das duas principais centrais do país, a CUT e a Força Sindical, pelo poder. Ligadas ao PT e PDT, elas estão intimamente relacionadas com os governos em todas as esferas. Nos 10 anos de gestão petista no Planalto, passaram pelo mesmo desgaste enfrentado pelos partidos, perderam força e independência. Também se tornaram alvo da crise de representação. Não faltaram contrassensos na paralisação. Políticos e partidos que ocupam posições estratégicas desde os anos 1990, como PT e PC do B, foram às ruas gritar palavras de ordem. Estariam protestando contra si mesmos?
Para os governantes, sobretudo para a presidente Dilma Rousseff, que concentra nas suas mãos as principais decisões e os mais expressivos recursos, a hora é de negociar. Sentar à mesa, ouvir reivindicações, encaminhar o que for possível de forma rápida, pacificar as relações políticas, segurar o emprego e a economia.
*Interino